Assim como acontece com a Lua, que está se afastando gradualmente da Terra, Titã, o maior dos 82 satélites naturais de Saturno – e o segundo maior do Sistema Solar – está migrando em direção ao espaço e libertando da gravidade do gigante gasoso. Não que esse processo seja uma grande novidade, mas um estudo recente apontou que Titã está “escapando” das garras do Senhor dos Anéis 100 vezes mais depressa do que o apontado por estimativas anteriores, o que pode forçar os astrônomos a rever seus cálculos e previsões.
Estica e puxa
A pesquisa foi apresentada por cientistas da NASA nesta semana e, segundo a avaliação conduzida pelo time, a órbita de Titã está se expandindo a um ritmo de mais ou menos 11 centímetros por ano – ou 100 vezes mais rápido do que se pensava. Obviamente, o satélite ainda levará um tempão até se libertar completamente da força gravitacional de Saturno e seguir em sua viagem “solo” pelo cosmos. Só a título de comparação, a Lua, que também está se afastando de nós, está fazendo isso a um ritmo de pouco menos de 4 cm anuais.
EscapulindoFonte: NASA /JPL-Caltech / Space Science Institute /J. Major / Reprodução
Esse processo, aliás, não é uma exclusividade entre planetas e seus satélites – senão que consiste em algo que também ocorre entre estrelas e seus mundos. Conhecido como “Aceleração de Maré”, ele consiste em um efeito relacionado com as forças de maré existentes entre um astro primário e um ou mais astros secundários que orbitam ao seu redor.
Mais especificamente, a aceleração do objeto de maior tamanho faz com que ocorra um recuo gradual por parte do de menor tamanho, como seria o caso da Terra e a Lua, de Saturno e Titã ou do Sol e seus planetas, por exemplo. Além disso, o astro secundário também tem influência sobre o primário – e a interação entre eles faz com que o maior vá perdendo velocidade de rotação e que, com o tempo, ocorra a uma sincronização dos objetos envolvidos.
Ainda sobre a influência do astro secundário sobre o primário, o processo pode fazer com que a superfície do objeto maior se deforme e relaxe – o que, no caso da Terra, se traduz nas variações das marés nos oceanos – e que o campo gravitacional do astro primário sofra distorções. Esse efeito, por sua vez, pode levar à uma aceleração do astro secundário em sua órbita, o que, por sinal, é o que provoca o afastamento entre os objetos.
Lua fujona
Voltando ao assunto de Titã, além de o estudo revelar que o satélite está se distanciando de Saturno mais depressa do que previamente estimado, o levantamento também apontou que, ao contrário do que se acreditava, essa lua não se formou na posição em que se encontra atualmente, mas provavelmente muito mais próximo da superfície do planeta – e, no decorrer de cerca de 4,5 bilhões de anos, ela foi migrando de sua órbita original até onde encontra agora, a mais de 1 milhão de quilômetros do gigante gasoso.
Distanciamento gradualFonte: NASA /JPL-Caltech / Space Science Institute /J. Major / Reprodução
Essa constatação dá mais peso a evidências anteriores sobre os anéis de Saturno não serem tão antigos quanto o planeta e terem se formado há apenas alguns milhões de anos. Ademais, o estudo também sugere que outros planetas e satélites do Sistema Solar – além do nosso, claro –, assim como de outros sistemas planetários tenham dinâmicas semelhantes. Sendo assim a formação e a evolução dessas estruturas podem ser bem mais movimentadas do que parece.
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