Células solares de silício são as mais utilizadas atualmente pela indústria da produção de energia limpa, mas sua adoção em larga escala é impedida por um problema básico: o alto custo envolvido. Por isso, pesquisas para baratear a tecnologia são desenvolvidas no mundo todo. Nem todas chegam a resultados promissores, mas uma equipe de cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, conseguiu um feito inédito e elevou a durabilidade das chamadas células solares de Perovskita.
Conhecidas pelo potencial superior ao de soluções tradicionais e por serem muito mais baratas, tais células normalmente têm problemas de durabilidade. Quando expostas ao tempo, a ação do calor e da umidade gera um fenômeno de liberação de gases que faz com que seus compostos “vazem” para a atmosfera, afetando seu desempenho. A novidade, entretanto, supera especificações internacionais.
O futuro da produção de energia elétrica solar pode estar prestes a mudar.Fonte: Unsplash
Anita Ho-Baillie, pesquisadora responsável pelo projeto, está um tanto quanto otimista: “As perovskitas são uma perspectiva realmente promissora para sistemas de energia solar. Elas são muito baratas, 500 vezes mais finas que o silício e, portanto, flexíveis e ultraleves. Elas também possuem uma tremenda energia, permitindo altas taxas de conversão solar”.
Novos componentes, novas possibilidades
As chamadas células de Perovskita foram assim batizadas por sua estrutura de átomos ou moléculas dos cristais, a ABX3. Nela, existem três componentes diferentes organizados de modo cúbico, e a aplicação desse sistema em células solares é relativamente recente. Só para se ter uma ideia, em 2009, essas células tinham uma eficiência de apenas 3,8%, contrastando com os atuais 25,2% (atingidos pelo MIT).
Suas características é que as tornam muito atraentes. O fato de serem flexíveis e semitransparentes permite que sejam utilizadas em diversas superfícies, desde janelas a equipamentos de esporte e eletrônicos. Podem, inclusive, ser aplicadas a partir de impressão, spray ou revestimento por imersão de materiais. Infelizmente, sua maior desvantagem, a durabilidade, era um empecilho e tanto.
Isso foi contornado por Anita Ho-Baillie e seu time, que idealizaram um “escudo protetor” ultrafino, feito de polímero e vidro. Desta maneira, as células foram estabilizadas para suportarem testes ambientais rigorosos aplicados pela Comissão Eletrotécnica Internacional. E mais: segundo a pesquisadora, elas não apenas passaram nos testes de ciclagem térmica, mas também excederam os exigentes requisitos dos testes de calor úmido e congelamento com umidade.
Anita Ho-Baillie, pesquisadora responsável pela tecnologia.Fonte: UNSW
Se a pesquisa vai ser o suficiente para que cada vez mais tecnologias do tipo sejam adotadas? Não se sabe ainda. Anita, entretanto, tem grandes expectativas: “Nós esperamos que este trabalho contribua para os avanços na estabilização das células solares de Perovskita, aumentando suas perspectivas de comercialização”, finalizou a pesquisadora.
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