Novos modelos estatísticos são testados a todo momento para que o mundo consiga uma única resposta: quando ficaremos livres da pandemia causada pelo novo coronavírus? Infelizmente, estamos longe de uma estimativa concreta, já que os dados mudam constantemente. Nos Estados Unidos, foram registradas mais de 82 mil mortes até a última terça-feira (12), e no Brasil o número já passou de 13 mil fatalidades. O que dizem as previsões?
Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sugere que, apenas em São Paulo, são esperados 1 milhão de casos até junho, aconselhando lockdown se o isolamento voluntário da população não aumentar e atingir 60%. Ainda de acordo com o estudo, o número de óbitos chegaria a 50 mil em 2 meses, considerando que a taxa dobra cada 15 dias. Já foram identificadas 47.719 contaminações até 12 de maio.
Ficar em casa pode deixar de ser apenas uma opção.Fonte: Pixabay
Renato Pedrosa, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp e autor da pesquisa, explicou que o resultado foi atingido após análise de comportamento da curva de casos e óbitos e realização de projeção matemática. Sobre a recomendação de lockdown, ele justificou: "É importante a gente entender que, para cada pessoa internada, [outras] 10 pessoas [também] são internadas. Dessas, 2 precisam de UTI. Esse uso da hospitalização é que é o problema principal. O estado todo tem 5 mil leitos de UTI, e às vezes a pessoa fica 3 semanas internada. Se esses números se confirmarem, os hospitais terão problemas".
Já nos EUA, projeções estimam um cenário tenebroso para os próximos meses: no mais otimista, ao menos 100 mil mortes podem ser registradas até 6 de junho, de acordo com Nicholas Reich, da Universidade de Massachusetts Amherst. Na pior das situações, serão 120 mil óbitos causados pelo coronavírus. "Modelos podem ser alterados toda semana, por serem sensíveis a dados observados em poucos dias. Entretanto, existe consistência nas informações, que são todas robustas. Não estamos apenas chutando", afirmou.
Teremos de tomar ainda mais cuidado nos próximos meses.Fonte: Pixabay
Realidade e esperança
O diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, deu uma mensagem de conforto em meio à incerteza: "Não acho que alguém possa prever quando ou se essa doença vai desaparecer. Nós temos uma grande esperança: se acharmos uma vacina altamente eficaz, que possamos distribuir para todos os que precisam no mundo, podemos ter uma chance de eliminar o vírus".
Mesmo que a situação se torne endêmica, ou seja, que não desapareça por completo, Ryan foi otimista: "O HIV não desapareceu. Nós passamos a lidar com o vírus e achamos os tratamentos, achamos os métodos de prevenção. As pessoas não sentem tanto medo como sentiam antes. Oferecemos vidas longas e saudáveis a pessoas com HIV", disse. "Não estou comparando as duas doenças, mas é importante sermos realistas".
Progresso mundial em perigo
Segundo a OMS, no geral, as pessoas estão tendo vidas mais longas e saudáveis, considerando que a maior ameaça ao que foi conquistado nos últimos anos foi, justamente, essa doença que tomou conta do planeta. "A má notícia é que a taxa de progresso para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é lenta e será completamente apagada pela pandemia", afirmou o Dr. Tedros Adhanom, diretor-geral da entidade.
De acordo com Adhanom, a situação evidencia a necessidade urgente de que todos países invistam em um sistema de saúde de qualidade, já que essa é a arma principal de contenção de danos. O diretor também elencou a segurança como face da mesma moeda que pode mudar completamente a vida da população mundial.
Em países nos quais a prevenção a doenças não mostrou desenvolvimento expressivo com o passar do tempo, existe, inclusive, o receio de reversão do progresso conquistado no combate a condições como a malária. A diminuição de atendimentos em casos de câncer, diabetes, derrame e doenças cardíacas e pulmonares é outra preocupação.
Saúde e segurança pública são fatores-chave para a qualidade de vida mundial.Fonte: Pixabay
"A mensagem é clara: enquanto o mundo luta contra a pandemia mais séria dos últimos 100 anos e estamos a apenas 1 década de nossos objetivos, precisamos nos unir para fortalecer sistemas de saúde e auxiliar os mais vulneráveis. Precisamos eliminar as desigualdades que determinam aqueles que podem viver uma vida longa e saudável e aqueles que não", finalizou Adhanom.
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