Sem grande alarde, cobertura da imprensa ou transmissão ao vivo, a China lançou às 22h10 desta segunda (9h10 de terça, hora de Beijing) os primeiros satélites de sua constelação de banda estreita Xingyun (“Internet das Coisas baseada no céu”).
O Xingyun-2 01 (também chamado de “Wuhan”) e o Xingyun-2 02 subiram ao espaço a bordo do foguete Kuaizhou-1A a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no coração do deserto de Gobi, a 1.600 km de Beijing e dentro da cidade aeroespacial Dongfeng.
Uma vez em órbita, os satélites vão se conectar entre si usando comunicação a laser trans-satélite para criar uma rede online na órbita baixa da terra, a 561 km da superfície. Os dois satélites estão programados para pôr em prática inovações como tecnologia de link a laser entre satélites e protocolos de comunicação via satélite ar-terra, além de fazer o monitoramento do ambiente polar.
O projeto Xingyun, criado em dezembro de 2017, é dividido em três estágios. Aos dois dispositivos lançados ontem seguirão, até 2023, mais 78 satélites operando em baixa órbita e cobrindo as falhas na cobertura da rede celular. Os lançamentos visam melhorar e impulsionar o programa chinês de desenvolvimento da chamada Internet das Coisas (IoTs), que conecta sensores e objetos do cotidiano através de comunicações sem fio.
Projeto das Cinco Nuvens
Primeira constelação de satélites baseada no espaço a receber investimentos independentes na China, ela é um dos principais programas aeroespaciais comerciais do “Five Cloud Project”, da China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC). O objetivo é acompanhar a florescente indústria aeroespacial comercial internacional suportado por um ecossistema agrupando IoTs, internet baseada no espaço, internet em nuvem, Big Data e Modelagem e Simulação.
Five Cloud Project, o programa chinês para o futuro da internet.Fonte: ICAO/Reprodução
A CASC é hoje o principal prestador de serviços do programa espacial chinês, tendo sido criada oficialmente para desenvolver seu programa espacial mais rapidamente. Estão subordinadas a ela um aglomerado de empresas, institutos e entidades como as academias de tecnologia aeroespacial, holdings de comunicação por satélite e construção aeroespacial e centros de comunicação e desenvolvimento aeroespacial.
O foguete Kuaizhou-1A, com a homenagem à cidade de Wuhan.Fonte: 9ifly/Reprodução
Desenvolvidos pela Xingyun Satellite Co e comercializados pela semi-privada China Space Sanjiang Group Corporation (Expace), os dois satélites foram construídos em Wuhan, marco zero da pandemia de covid-19. Por isso, um dos satélites foi batizado em homenagem à cidade e seus habitantes, e o foguete que os levou recebeu pinturas que lembram os que morreram e os que combateram o surto de SARS-CoV-2.
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