Não é sempre que precisamos de supercomputadores, telescópios avançados e alto investimento para testemunhar fenômenos espaciais por aí. Nesta semana, astrônomos fizeram uma descoberta e tanto que pode ser vista a olho nu. Trata-se do buraco negro mais próximo da Terra registrado até agora, que se encontra a ‘apenas’ mil anos-luz de distância, o equivalente a aproximadamente 9,5 quatrilhões de quilômetros.
Pode parecer muito, mas, em termos universais, ele está batendo em nossa porta. O mais interessante é que, normalmente, tais corpos só são notados por suas interações violentas com objetos celestes ao redor deles, gerando discos de gás e poeira. Enquanto são destroçados, os elementos 'sugados' emitem uma quantidade massiva de raio X, detectada pelos telescópios. Com este, a coisa foi diferente.
Se buracos negros não são propriamente vistos, o exemplar em questão foi encontrado devido à maneira como se comportam duas estrelas próximas a ele. O par, chamado de HR 6819, permitiu aos cientistas enxergar, de fato, o fenômeno em si.
“Isso é o que poderíamos chamar de ‘buraco muito negro’. É realmente escuro!”, brinca Dietrich Baade, astrônomo emérito do Observatório Europeu do Sul. “Cremos ser a primeira vez em que algo do tipo foi descoberto desta maneira. E mais: este pode ser o buraco negro mais próximo de nós”, complementa.
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Marianne Heida, líder dos pesquisadores envolvidos, considera que devem haver bem mais deles por aí, escondidos. “Baseados no número de estrelas da Via Láctea, estimamos haver cerca de 100 milhões desses pequenos buracos negros espalhados, sendo que encontramos menos de 100 deles. É possível que, com essa quantidade, existam outros a 30 ou 40 anos-luz daqui”
E como enxergá-lo?
Bem, caso você queira apreciar o espetáculo, não precisa de muito mais que um senso de identificação de estrelas apurado, já que as HR 6819 podem ser vistas a olho nu. Ah, é preciso estar no Hemisfério Sul – ponto positivo para o Brasil. Ainda não existe consenso de que se trate, realmente, de um buraco negro, mas elas orbitam um objeto não detectável em um período de 40 dias.
Vamos tentar ajudar. A dupla está na constelação de Telescopium, perto da constelação de Pavo. Entretanto, talvez você fique triste com a notícia que temos: essa região é constituída de corpos celestes de brilho fraco, então pode ser complicado saber onde está, mas é possível.
Campo no qual se encontra a constelação Telescopium.Fonte: ESO
Achou as estrelas? Bem, agora é só pensar que o ponto ao redor do qual elas “giram” é um buraco negro com massa de pelo menos quatro vezes maior que a do nosso Sol.
Não se decepcione com o resultado. Além de a descoberta não representar perigo algum a nosso planeta, segundo Heida, já que é possível ver duas estrelas que não caem nela e estamos um pouco mais distantes dali do que elas, o fato é que a Ciência está caminhando a passos largos na resolução de mistérios universais.
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