Para comemorar os dez anos da sua ala de antropologia David H. Koch Hall of Human Origins, o Smithsonian Institute fez uma lista das maiores descobertas da área em dez anos. Confira:
Novos parentes
Identificado pelo DNA
Entre 2009 e 2010, cientistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, sequenciaram o DNA extraído dos restos de um hominídeo encontrado em uma caverna do Vale de Denisova, na Sibéria. Quando os resultaram chegaram, a surpresa: ele não pertencia a nenhum dos ancestrais conhecidos do ser humano.
De um fragmento de osso do dedo mindinho foi extraído o DNA ancestral.Fonte: Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária/Reprodução
Hoje, sabe-se que o Homo denisovana conviveu com neandertais e humanos modernos durante a era glacial da Europa e da Ásia. deixando descendência: em 2012, foi achado em uma caverna na mesma região um adolescente morto há 50 mil anos. Pelo seu DNA, sabemos que sua mãe era neandertal e seu pai, denisovano.
Mistério no fundo de uma caverna
Um dos esqueletos de Homo naledi, quase completo.Fonte: University of Wisconsin-Madison/ John Hawks/Reprodução
Na última década, a parentada do Homo sapiens cresceu, mas nenhum primo é tão misterioso como o Homo naledi. O mundo soube de sua existência em 2015, depois que antropólogos alcançaram uma câmara escura e profunda nos fundos do sistema de cavernas Rising Star Cave, na África do Sul. Ali, jaziam os restos de pelo menos 15 indivíduos, apresentando uma mistura única de traços antigos e humanos.
Ainda é um mistério como os corpos foram parar no fundo da caverna.Fonte: WITS/NATGEO/Lee Berger
Até hoje não se sabe como eles foram parar ali. Não há nenhum indício de terem sido arrastados para lá por animais ou mesmo pela água, entre 335 mil e 36 mil anos atrás. O Homo naledi pode ser o primeiro a ter levado seus mortos para um lugar isolado, mas tudo é ainda especulação.
16 horas à procura da História
Nem só de novas espécies se faz a antropologia; alguns achados preenchem lacunas, como o de um crânio de Australopithecus anamensis, datando de 3,8 milhões de anos, na Etiópia.
A reconstrução facial do crânio do A. anamensis.Fonte: Museu De História Natural De Cleveland/ Reprodução
Descoberto em 1966 no Vale do Rift, ao norte do Quênia, esse primo distante do ser humano só era estudado através de fragmentos fossilizados e dentes. Em 16 de fevereiro de 2016, uma equipe de antropólogos achou a mandíbula superior de um espécime; pelas 16 horas seguintes, todo o campo de escavação foi revirado, na busca pelo restante do crânio
O paleoantropólogo Yohannes Haile-Selassie segura o crânio do A. anamensis.Fonte: Museu De História Natural De Cleveland/ Reprodução
Anunciada em 2019, a descoberta esclareceu a posição do A. anamensis na árvore genealógica humana. Se antes se pensava que ele era um ancestral direto do Australopithecus afarensis (popularmente chamada de “Lucy”), hoje se sabe que as duas espécies andaram sobre a Terra ao mesmo tempo.
Somos mais velho do que aparentamos
A descoberta de que somos mais velhos foi uma surpresa, e ela aconteceu através de um exame de rotina. Em 2017, uma equipe de cientistas escavou outra vez uma caverna no Marrocos, onde haviam sido encontrados crânios em 1961.
Reconstrução digital de como seria o mais antigo Homo sapiens, com base em tomografias computadorizadas de vários fósseis.Fonte: MPI EVA Leipzig/Philipp Gunz
Para determinar a idade dos achados, foram coletados sedimentos e outros fósseis. Qual não foi a surpresa ao constatar que aqueles homens viveram há 300 mil anos – nossa espécie é cem mil anos mais velha do que acreditávamos.
Antigas formas de novos hábitos
Troca entre vizinhos
Desde muito se pensava que as primeiras ferramentas foram criadas há 2,6 milhões de anos. Mas pedras talhadas há 3,3 milhões de anos emergiram da terra em Lomekwi, no Quênia, o que obrigou os cientistas a retroceder suas estimativas.
Troco em pedras
Há 300 mil anos, o ancestral do homem tinha suas próprias redes sociais. Sua existência foi comprovada em 2018 graças à análise da obsidiana (uma pedra valiosa pela agudeza) usada em facas e pontas de lança.
Bifaces usados pelos primeiros seres humanos no Quênia, há 320 mil anos.Fonte: Smithsonian/Human Origins Program/Reprodução
Depois de escavar e analisar as ferramentas encontradas ao sul do Quênia, uma equipe de especialistas descobriu que as pedras se originaram de lugares diversos, dentro de um raio de até 90 quilômetros. Isso mostra que os humanos trocavam obsidianas, relacionando-se socialmente.
O ninho ficou pequeno mais cedo
Sempre se pensou que o Homo erectus havia começado a mochilar pelo mundo, da África para o leste da Ásia, há 1,7 milhão de anos. Essa data, porém, teve que ser revista em 2018, quando ferramentas e fósseis descobertos na China tiveram sua idade confirmada em 2,1 milhões de anos. Saímos de casa 400 mil anos mais cedo.
Fontes
Categorias