A hidroxicloroquina, medicamento utilizado contra a malária e amplamente divulgado como uma alternativa para a cura da covid-19, alcançou a mesma eficácia do tratamento padrão dessa doença em um novo estudo feito nos Estados Unidos. Além disso, pacientes da covid-19 que foram medicados com o fármaco apresentaram uma taxa de mortalidade maior do que aqueles que receberam apenas o tratamento padrão.
O estudo, promovido pelos Institutos Nacionais de Saúde (em inglês, National Institutes of Health) e pela Universidade de Virginia, analisou o quadro de 368 pacientes da covid-19. Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (21) através de um preprint no site medrxiv.org, como uma forma de agilizar a comunicação científica. Isso significa que o estudo ainda não foi revisado por pares ou publicado em uma revista médica.
Dos pacientes estudados, cerca de 158 seguiram o tratamento padrão e 97 tomaram hidroxicloroquina. Enquanto o primeiro grupo apresentou uma taxa de mortalidade de 11,4%, pessoas do segundo grupo teve o dobro de mortalidade, com uma taxa de 27,8%.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo escreveram que essas novas descobertas ressaltam a importância de esperar por resultados mais consistentes antes de iniciar uma adoção em massa de medicamentos, como aconteceu a hidroxicloroquina — que teve seu uso incentivado inclusive por autoridades políticas como Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Neste estudo também foi comprovado que este medicamento, associado ou não à azitromicina, não reduz as chances de pacientes com covid-19 terem que utilizar respiradores mecânicos.
Em uma outra pesquisa recente, desta vez realizada na França, especialistas analisaram registros médicos de 181 pacientes que desenvolveram pneumonia e precisaram de suplementação de oxigênio. Neste grupo, metade dos pacientes se medicaram com hidroxicloroquina 48 horas antes de serem internados e a outra metade não ingeriu o fármaco.
Esta pesquisa demonstrou que além de a hidroxicloroquina não apresentar diferenças estatisticamente relevantes entre esses dois grupos no que diz respeito às taxas de mortalidade ou às chances de ir para a unidade de terapia intensiva, seu uso ainda causou arritmia cardíaca em oito pacientes. Os resultados desta pesquisa também foram divulgados através de um preprint, sem revisão de pares ou publicação em revista médica.
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