Urano, um dos gigantes gasosos que “habitam” a nossa vizinhança cósmica, se encontra “deitado” em um ângulo de quase 98 graus com relação ao plano do Sistema Solar. As suas 27 luas conhecidas, assim como os seus anéis – sim, Saturno não é o único planeta aqui das nossas redondezas a contar com esses “adereços”! –, também orbitam de ladinho ao redor do Sol, e a causa mais provável dessa esquisitice foi o impacto com algum astro há bilhões de anos, quando Urano estava em formação.
Entretanto, segundo um estudo recente publicado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Tóquio, no Japão, a colisão que deixou Urano na posição em que ele se encontra hoje não foi uma trombadinha qualquer, não! Conforme apontaram os modelos e simulações conduzidas pela equipe, a topada se deu com um corpo cósmico colossal de gelo com massa estimada entre 1 e 3 vezes a da Terra.
Poft!
De acordo com Mike Wall, do site Space.com, a teoria da colisão não é nada nova, mas, até recentemente, criar modelos e simulações que replicassem as condições atuais de Urano – com suas luas e sistema de anéis com órbitas “tombadas” – havia se provado um desafio. Isso porque, apesar de o impacto ter sido violento o suficiente para deixar o gigante gasoso deitado, seus satélites, embora numerosos, têm pouca massa, indicando que o choque não deve ter gerado um grande acúmulo de destroços ao redor do planeta.
Gigante tombadoFonte: Phys Org / Reprodução
Segundo já mostraram inúmeros estudos, é comum que luas se formem a partir da aglomeração de material presente nos discos que passam a envolver os planetas após grandes colisões cósmicas. Foi assim, aliás, que o nosso satélite – provavelmente – se formou, ou seja, a partir do choque da Terra com um protoplaneta. Mas o mesmo raciocínio não podia ser aplicado a Urano, pois a massa de suas luas é muito baixa para que elas pudessem ter surgido em decorrência de um grande impacto.
Contudo, segundo Mike, a grande sacada dos cientistas de Tóquio foi desenvolver uma nova modelagem – uma considerando como seria a formação de luas ao redor de planetas gelados mais distantes do Sol. As simulações apontaram que a colisão levaria à liberação de uma grande quantidade de material bastante volátil e que Urano, que ainda se encontrava em formação, acabaria absorvendo boa parte dos gases resultantes.
Isso deixaria pouco material para a formação das luas, explicando a razão de os satélites terem pouca massa. Além disso, para que se dessem essas condições todas, as simulações indicaram que a colisão deveria ter ocorrido com um astro enorme e gelado. O bacana é que o novo modelo proposto pelos cientistas de Tóquio pode ser aplicado no estudo de outros planetas gasosos, tanto do Sistema Solar, como de outros sistemas planetários, e certamente será colocado em prática.
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