A matéria escura é um dos grandes enigmas da Física e não faltam cientistas fritando os miolos na tentativa de descobrir a sua origem e o que, afinal, ela é. Apenas para refrescar a sua memória, trata-se de “algo” que não emite, absorve ou reflete nenhuma radiação, mas que os físicos sabem que existe por conta da forma como “isso” interage com a matéria convencional do Universo.
Aliás, a interação é intensa! Tanto que, segundo teorizam os cientistas, é a matéria escura que mantém as galáxias coesas, impedindo que elas se dispersem pelo cosmos, e perto de 85% da massa do Universo seria composta por ela. Sendo assim, dá para entender a razão de os físicos quererem tanto descobrir o que exerce tamanha influência espaço afora e se dedicarem a testar teoria pós teoria em busca de respostas. Pois mais uma foi posta à prova recentemente e, de momento, a matéria escura segue levando a melhor no quesito “mistério cósmico indecifrável”.
Deu ruim
A teoria testada desta vez foi a dos “neutrinos estéreis” ou “neutrinos inertes”, partículas hipotéticas que interagiriam apenas através da gravidade – o que encaixaria com a interação da matéria escura – e das quais teriam sido detectadas evidências há cerca de 6 anos, mas cuja existência não foi comprovada por falta de observações posteriores.
Ainda não foi desta vez...Fonte: Medium / Reprodução
Na verdade, não é a primeira vez que os cientistas associam os neutrinos – que possuem carga neutra e pouquíssima massa – à matéria escura. O problema é que o fato de essas partículas apresentarem um tiquinho de massa gera conflito com o que é estabelecido pelo Modelo Padrão da Física de Partículas. Foi por isso que a existência dos tais neutrinos inertes foi proposta e, em 2014, uma equipe identificou sinais vindos de galáxias vizinhas à nossa na ordem de 3,5 keV (sigla de quilo elétron-volt) que foram associados às partículas.
Na ocasião, os cientistas sugeriram que esse sinal energético poderia estar sendo gerado pela desintegração dos tais neutrinos estéreis. Então, durante os testes feitos agora, os físicos analisaram nada menos do que 20 anos de observações realizadas pelo X-ray Multi-Mirror Newton, o maior telescópio espacial da Agência Espacial Europeia em funcionamento, e a expectativa era a de encontrar esses mesmos sinais nos limites da Via Láctea, uma vez que, segundo apontam as observações, a matéria escura parece se acumular ao redor das galáxias.
Mas, infelizmente, os físicos não conseguiram encontrar qualquer vestígio dos neutrinos inertes, o que jogou por terra mais uma tentativa de detectar a matéria escura. É importante destacar que o fato de os cientistas não terem identificado os neutrinos estéreis não descarta completamente a possibilidade de que eles existam ou estejam de fato relacionados com a origem da matéria escura. No entanto, os pesquisadores terão que pensar em outros métodos e teorias para pôr à prova para tentar desvendar este teimoso enigma.