Lar de uma grande variedade de espécies marinhas, os recifes de corais são classificados como os habitats mais diversificados dos oceanos. Entretanto, eles estão correndo um grande perigo. A Grande Barreira de Corais, localizada na Austrália e com cerca de 2.300 km de extensão, está enfrentando seu terceiro evento de branqueamento em massa em apenas cinco anos, segundo autoridades do Parque Marinho de Grande Barreira de Corais.
No ano passado, já havia sido constatado que a qualidade do ecossistema havia caído para a classificação “muito pobre”. Com base no estado dos corais, das algas marinhas e da água, os resultados dessas análises são publicados em um relatório a cada cinco anos desde 2009 pela entidade responsável pela preservação do local.
(Fonte: Pixabay)Fonte: Pixabay
O primeiro documento dizia que a Barreira estava “em uma encruzilhada entre um futuro bem estruturado e positivo e outro incerto”. Já o segundo, de 2014, a caracterizou como “um ícone sob pressão”, recomendando ações necessárias para combater as ameaças. Agora, a situação piorou ainda mais, já que, em 2016 e 2017, dois terços dessa verdadeira floresta foram danificados, extinguindo o habitat de uma série de espécies
O fator humano, claro, é o principal culpado, já que a exploração econômica e o aquecimento global são responsáveis diretos pela morte dos pólipos. “Mudanças climáticas estão tornando eventos destrutivos mais severos e mais frequentes, então os danos são ainda piores”, afirma o cientista-chefe do parque, David Wachenfeld, em entrevista à BBC.
A temperatura mais alta do mar, particularmente em fevereiro, pode ter sido o que causou o evento mais recente.
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Uma “floresta” em perigo
Conhecidos por suas cores exuberantes e pela presença de espécies únicas, apesar de cientistas terem encontrado pontos saudáveis, trechos extensos altamente comprometidos da Barreira foram identificados. Os problemas relacionados ao habitat descobertos e divulgados recentemente foram ainda maiores que os anteriores.
“Devemos encarar isso como um chamado global para agir ainda mais contra mudanças climáticas”, reforça David. Tudo isso porque cerca de 1.500 km foram afetados, causando uma queda de 89% no surgimento de novos corais. Segundo as Nações Unidas, a temperatura do planeta subiu ao menos 1 °C desde os tempos pré-industriais. Caso chegue a 1,5 °C, 90% dos corais serão extintos.
“Ações para reverter o quadro nunca foram tão necessárias”, afirmam especialistas responsáveis pelos relatórios. A Unesco, inclusive, considera adicionar o bioma à lista de espécies em perigo.
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Ainda há salvação
Tais relatórios são importantes para o desenvolvimento de estratégias que buscam preservar os locais. Apesar das más notícias, Imogen Zethoven, diretor de estratégia da Sociedade Australiana de Conservação Marinha, se mantém esperançoso. “Podemos reverter esse quadro, desde que o governo se preocupe o bastante para salvar a Grande Barreira de Corais. Isso quer dizer que os líderes precisam se dedicar à redução de emissão de gases”.
“Este é o terceiro relatório. Tivemos 10 anos de avisos, 10 anos de aumento de emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa e 10 anos assistindo aos corais seguindo para uma catástrofe. Ainda assim, podemos mudar o cenário”, finaliza.
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