A Covid-19 é o foco do momento, com impactos tanto na saúde da população quanto na economia. Aos poucos, histórias paralelas acabam sendo reveladas, como a da Faculdade de Medicina Perelman, na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos: na semana passada, 200 ratinhos para pesquisas científicas precisaram ser sacrificados com o fechamento das atividades dos laboratórios e o isolamento da população.
Lá era estudada a resposta do sistema imunológico dos animais a diferentes invasões de bactérias. Eram todos ratos importados da Europa e da Ásia, que levaram anos para chegar ao genótipos ideais de estudo. Com isso, a pesquisa fica comprometida e pode levar muito tempo para ser recuperada. Porém, esse não foi o único laboratório a passar por tal situação, já que o mesmo ocorreu em outras instituições de ensino e pesquisa dos Estados Unidos. A recomendação é o congelamento de embriões de cepas valiosas ou raras, com os demais animais sendo selecionados e sacrificados.
A ONG People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) considerou o evento como uma matança, criticando a decisão. Segundo a entidade, os animais foram facilmente descartados sem a busca de uma alternativa para que isso não fosse necessário. "Os pesquisadores estão novamente escolhendo o caminho da conveniência e simplesmente matando animais que nunca deveriam ter sido comprados, criados ou experimentados", disse Kathy Guillermo, vice-presidente do grupo.
Isolamento social e queda nas pesquisas resultaram na morte de milhares de ratinhosFonte: Pexels/Polina Tankilevitch
Vários responsáveis pelos laboratórios defenderam a ação dizendo que isso previne que seja necessário fazer o mesmo com outros animais de laboratório. Com o número reduzido de funcionários, os bichos podem acabar ficando sem a assistência adequada, principalmente se veterinários estiverem contaminados pelo coronavírus.
Também defendem que a maioria dos ratos já seria sacrificada por ter nascido sem as características genéticas adequadas a cada pesquisa. Porém, essa seleção costuma demorar entre 2 e 3 semanas, tendo a necessidade de ser feita em apenas 48 horas por conta da pandemia, que, nos Estados Unidos, já infectou mais de 55 mil pessoas.
Os ratinhos representam 95% de todos os animais usados em pesquisas no país. Segundo especialistas, eles se reproduzem rapidamente, mas acabam gerando afeto nas equipes que analisam seus comportamentos e suas evoluções. "Quando você faz experimentos comportamentais, precisa observar esses animais por horas e realmente os conhece", explica Hopi Hoekstra, bióloga da Universidade de Harvard, que já sacrificou quase metade dos 1 milhão de ratos de seu laboratório.
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