Uma ação movida pela Labrador Diagnostics por pouco não impediu a criação de novos testes para diagnósticos do novo coronavírus nos Estados Unidos. A companhia processou a BioFire Diagnostics e a subsidiária francesa BioMériux por quebra de patente.
Segundo o site Business Wire, em 9 de março a empresa iniciou uma ação para proteger suas propriedades intelectuais. Contudo, a intenção do processo não era referente aos testes com Covid-19, mas por atividades realizadas pela concorrente nos últimos anos. Acontece que a Labrador é conhecida nos EUA como uma "patent troll", que vive quase unicamente de processos contra outras empresas que supostamente infringem suas propriedades intelectuais.
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Labrador Diagnostics processou a BioFire por uso de tecnologias exclusivas para a criação de testes.Fonte: New York Post/Reprodução
Coincidentemente, em 11 de março, a BioMériux anunciou que tinha finalizado o teste que poderia diagnosticar os casos de coronavírus em tempo real. Então, o produto foi encaminhado para a aprovação do governo americano em caráter emergencial. No entanto, a ação poderia prejudicar o andamento desse processo.
De acordo com a Labrador Diagnostics, a empresa não tinha conhecimento prévio de que a subsidiária da BioFire estava trabalhando em testes do Covid-19; ela obteve as informações através de um comunicado à imprensa publicado após a abertura da ação. Portanto, diante da grave situação global, a companhia renunciou aos royalties.
Atualmente, a BioMériux está trabalhando em outros três testes de diagnóstico de SARS-Cov-2. Um deles, a versão totalmente automatizada, está sendo produzida em colaboração com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Um teste automatizado da BioMériux está sendo desenvolvido com a colaboração do governo americano.Fonte: Eddie Gaspar/The Texas Tribune
Um histórico cheio de más intenções
Com a notícia sobre o processo da Labrador Diagnostics, sites como o americano Extreme Tech acreditaram que havia uma má intenção por parte da companhia — infelizmente, ela faz parte de um fundo de investimentos gerenciado pelo Fortress Investment Group, que, nos EUA, não é visto com bons olhos. Em 2018, eles gastaram mais de US$ 400 milhões comprando diferentes propriedades intelectuais. Segundo a página, o motivo do investimento seria processar empresas de tecnologia por violação de patentes.
Em 2019, a Intel e a Apple moveram ações contra a Fortress alegando que diversas companhias ligadas a ela estavam tentando prejudicá-las. Isso porque elas acionaram processo de quebra de patente que requeria bilhões de dólares de indenização.
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