Cientistas italianos descobriram o que consiste no buraco negro supermassivo mais antigo de que se tem notícia. O interessante é que a identificação dessa estrutura absurdamente gigantesca e anciã sugere que o Universo era repleto de corpos similares em seus primórdios — e que os buracos negros que existem hoje no centro das galáxias podem ser "descendentes" de objetos celestes semelhantes aos que havia no cosmos há bilhões de anos.
Blazar
O buraco negro descoberto pelos pesquisadores foi batizado com a sigla PSO J0309+27. De acordo com Rafi Letzter, do site Space.com, ele se formou cerca de 900 milhões de anos após o Big Bang — isto é, quando o Universo, cuja idade é estimada em 13,8 bilhões de anos, ainda era incrivelmente jovem e as primeiras galáxias estavam surgindo.
E como uma estrutura tão antiga assim foi encontrada? Graças aos vestígios de uma extraordinária explosão que, apesar de ter ocorrido há tantos bilhões de anos, pode ser observada aqui da Terra.
Representação de um blazarFonte: Blazar Ventures / IPAC-Caltech / Reprodução
Segundo Letzter, a tal explosão ocorreu depois de o buraco negro, que provavelmente era 1 bilhão de vezes maior do que o Sol, "engolir" quantidades descomunais de gás cósmico e "arrotá-lo" na forma de jatos superbrilhantes de matéria, formando o que os astrônomos chamam de blazar.
Os blazares se caracterizam por serem objetos galácticos bastante ativos e com núcleos muito reluzentes — para os radiotelescópios espalhados pelo mundo, pelo menos — e que sinalizam a presença de buracos negros supermassivos. Além disso, uma feição particular dessas estruturas são dois feixes luminosos liberados ao cosmos em direções opostas e em velocidades próximas à da luz.
Ancião
Voltando ao buraco negro que deu origem ao blazar mencionado, apesar de ele ter surgido nos primórdios do Universo, a energia liberada por seu "arroto", há cerca de 13 bilhões de anos, foi identificada pelos cientistas italianos pois continua chegando até a Terra.
Um estava apontado para nósFonte: Wikimedia Commons / JPL / NASA / Reprodução
Aliás, o fato de os pesquisadores detectarem a luz significa que pelo menos um dos feixes emitidos pelo blazar estava apontado para as nossas bandas. Como são ejeções bastante estreitas, para que uma tenha nos atingido é muito provável que houvesse muitos outros buracos negros como esse nos primórdios do Universo, mas cujo brilho não foi identificado ainda porque as emissões estão direcionadas para outras partes.
Os estudos conduzidos pelos cientistas italianos sugerem que os blazares possivelmente surgiram durante um período conhecido como reionização, que marcou uma das principais fases de transição do Universo, em que a matéria voltou a ser ionizada, o cosmos saiu da "idade das trevas" e as primeiras estrelas e galáxias começaram a surgir.
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