Mercúrio, como todos sabem, é o planeta do Sistema Solar que orbita mais próximo ao Sol e, apesar de não ser o que registra as temperaturas mais altas de nossa vizinhança cósmica – o recordista é Vênus, com quase 470 °C –, ele marca perto de escaldantes 430 °C na superfície durante o dia. No entanto, embora pareça impossível, observações revelaram que existem depósitos de gelo em Mercúrio e, segundo um estudo apresentado por cientistas do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, o próprio calor extremo do ambiente mercuriano contribui para isso.
Paradoxo
Por conta da proximidade com o Sol, Mercúrio é praticamente desprovido de atmosfera e, devido a isso, o calor acaba não sendo bem distribuído pelo planeta. Desta maneira, os polos permanecem relativamente frios e existem crateras nessas regiões que jamais recebem qualquer insolação. Tanto que, de acordo com as estimativas, as temperaturas no interior dessas estruturas podem chegar a -180 °C e acumular grandes quantidades de gelo. Como? É aí que entra o estudo do pessoal da Geórgia.
Olhe ele ali!Fonte: LabRoots / NASA's Marshall Spaceflight Center / YouTube / Reprodução
Segundo a pesquisa, prótons emitidos pelo Sol atingem a superfície de Mercúrio, desencadeando a formação de minerais no solo do grupo das hidroxilas ou OH. Então, o calor intenso, resultante da proximidade que existe entre o planeta e a estrela, faz com esses minerais sejam energizados e liberados – e a colisão entre elas leva à formação de moléculas de água e hidrogênio.
Boa parte das moléculas de água acaba sendo quebrada por conta das condições extremas de Mercúrio, mas uma parcela termina se acumulando no interior das crateras presentes nos polos mercurianos, onde o frio e a falta de insolação oferecem as condições ideais para a formação de gelo.
Quente e frioFonte: Country Living Magazine /SCIEPRO / Getty Images / Reprodução
Aliás, muito gelo! Isso porque, segundo as estimativas dos cientistas, ao longo de um período de 3 milhões de anos, esse processo contribuiria para a produção de 10 bilhões de toneladas da substância – ou o equivalente a por volta de 10% de todo o gelo de Mercúrio. Os 90% restantes chegariam ao planeta através do impacto de asteroides que, ademais de poderem conter água, desencadeariam reações químicas resultantes na formação do material com a colisão.
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