Uma equipe internacional de pesquisadores focada em descobrir como agentes unicelulares, tais como vírus e bactérias, se tornam tão eficientes quando invadem um organismo pode, sem querer, ter encontrando respostas para um dos mistérios da vida que há tempos intrigam a Ciência.
Transições evolutivas
Basicamente, a vida surgiu na Terra depois que alguns ingredientes presentes na “sopa” primordial que existia por aqui há bilhões de anos começaram a reagir. Esses elementos químicos acabaram dando origem compostos e a aminoácidos que, por sua vez, se combinaram para formar proteínas e, depois, células. Então, essas células foram se unindo e originando novos organismos que, com o passar do tempo, foram se tornando progressivamente mais complexos.
Essa cadeia de eventos é bastante aceita pela comunidade científica, mas, de acordo com Tristan Greene, do site The Next Web, o problema é que ninguém sabe explicar o que, exatamente, impulsionou uma porção de elementos químicos a passarem pelas transições evolutivas que, eventualmente, deram origem aos organismos que existem hoje.
Pois, a equipe de pesquisadores trabalhou com organismos unicelulares que costumam viver de forma isolada na natureza – células que se reproduzem a partir de um mecanismo conhecido como Fissão Binária. Durante esse processo, as células se dividem em 2 partes idênticas e, por conta disso, como não há variação genética entre elas, é impossível occorrer qualquer evolução.
Mas, voltando à pesquisa, segundo Tristan, durante os experimentos, os pesquisadores forçaram esses organismos a formar grandes grupos e observaram que as células passaram a apresentar comportamentos evolutivos parecidos aos de organismos multicelulares, atuando de forma a tentar garantir a sobrevivência do coletivo antes do individual – dando pistas de como as transições evolutivas possivelmente se deram ao longo de bilhões de anos.
Máquina de Darwin
O time acredita que é esse tipo de dinâmica que faz determinados vírus, bactérias e até células cancerosas serem tão eficazes quando se proliferam no corpo de um ser vivo – onde agentes unicelulares atacam e muitas vezes alteram e destroem células do “hospedeiro”.
A equipe sugere que esses patógenos evoluem adotando a abordagem de priorizar e proteger a espécie como um todo em vez de um único indivíduo, formando o que eles chamaram de Máquina de Darwin – uma “entidade” que não consiste em um organismo vivo propriamente dito, mas sim em um amontoado de células que, juntas, passam por um processo evolutivo análogo ao da seleção natural e têm mais chances de sobreviver estando em grupo do que se estivessem isoladas no ambiente.
Os pesquisadores ainda precisam aprofundar seus estudos, mas os resultados obtidos até agora apontam que a transição evolutiva de agentes unicelulares a organismos vivos multicelulares foi motivada por questões ambientais que forçaram células isoladas a trabalhar juntas para sobreviver.