Na contramão da maioria dos países que assumiram compromissos relacionados com a adoção de medidas para reduzir emissões e focar sua produção energética em fontes renováveis e limpas – e não conseguirão honrar o combinado –, a Escócia deve atingir a sua meta antes do final deste ano, a tempo para a Cúpula sobre o Clima da Nações Unidas, que será sediada no país em novembro.
Revolução energética
Já faz algum tempo que a Escócia vem caminhando a passos largos no sentido de substituir completamente o uso de combustíveis fósseis e hoje está entre os principais líderes mundiais na produção de energia renovável. Para se ter ideia, o país estabeleceu a meta de suprir 50% de suas necessidades energéticas a partir de fontes limpas até 2015 e, naquele ano, atingiu 59% de fornecimento, ultrapassando o objetivo inicial.
De lá para cá, os escoceses continuaram conquistando resultados impressionantes – em 2017, 68,1% da energia produzida vieram de fontes renováveis e, em 2018, esse número saltou para 74,6% –, e entre janeiro e julho do ano passado, o país gerou energia eólica suficiente para suprir 100% da eletricidade consumida pelas residências na Escócia e também de milhões de casas do norte da Inglaterra. A última meta a ser conquistada será a adoção de 100% de fontes limpas por seu setor energético, o que deve acontecer até novembro, conforme mencionamos.
Exemplo global
Embora a Escócia faça uso de fontes energéticas como a geotermal, a hidrelétrica, a maremotriz, a bioenergética e a solar, o forte do país é a produção de energia eólica. A maior planta em operação, a Beatrice Offshore Wind Farm, situada no Mar do Norte, tem capacidade para gerar energia suficiente para suprir 450 mil residências com eletricidade, e existem projetos em desenvolvimento para a criação de campos eólicos ainda maiores, como o Seagreen Wind Energy Farm, cuja construção deve ser iniciada em 2022 e, uma vez se encontre em operação, poderá fornecer energia para 1 milhão de casas.
Além disso, existem projetos para a instalação de mais 100 campos eólicos pelo território escocês, e o país encerrou as operações de sua última central elétrica movida a carvão em 2016. Hoje há apenas uma planta de gás natural em funcionamento na Escócia e o Governo pretende expandir as medidas de adoção de fontes renováveis para os setores de transporte – com a substituição gradual de veículos públicos e privados movidos a combustíveis fósseis por opções elétricas até 2032 – e de produção de aquecimento urbano.
Todas essas medidas foram adotadas após o governo escocês se comprometer, juntamente com o restante do Reino Unido, a zerar suas emissões de gases de efeito estufa até 2050. Mas, segundo as projeções – e considerando o quanto a Escócia leva suas metas ambientais a sério –, o país deverá alcançar esse objetivo em 2045. Bom seria se os maiores poluidores do mundo, como a Rússia e os EUA, seguissem o exemplo dos escoceses e se comprometessem a zelar mais pelo planeta. A China, que também está na caderneta negra dos grandes emissores, assumiu o compromisso de limitar a sua poluição, mas, conforme as coisas andam, esses cortes estão longe de ser suficientes. Pena que não existem mais Escócias!
Categorias