Cada vez são mais numerosas as empresas que decidem adotar medidas no sentido de reduzir as emissões de poluentes resultantes de suas operações – e com essa mudança de atitude, também estão se tornando cada vez mais populares as compensações de carbono, isto é, a “compra de créditos” pela liberação de gases contaminantes e outros resíduos no meio ambiente.
Caso você não saiba como a coisa toda funciona, as empresas que geram emissões durante a fabricação de produtos ou fornecimento de serviços negociam compensações de carbono na forma de medidas compensatórias enquanto continuam com as suas atividades. Em troca, o investimento realizado é usado para, por exemplo, recuperar áreas desflorestadas, plantar árvores, instalar parques eólicos, desenvolver projetos sociais, financiar pesquisas etc., e as empresas contratantes das compensações recebem credenciais e certificações ambientais pelas iniciativas.
“Jeitinho”?
De fato, existem muitas companhias preocupadas com o impacto que as suas operações causam ao meio ambiente e, dentro do possível, se adequam para reduzir a quantidade de emissões e geração de efluentes. Depois, como medida adicional, muitas complementam as suas ações “verdes” com a aquisição de créditos de carbono por meios das compensações – o que rende as tais certificações e credenciais às empresas.
Essa preocupação é uma tendência que, felizmente, vem se consolidando. No entanto, de acordo com Eric Niilers, do site Wired, existe muita gente questionando o real impacto desse tipo de negociação, uma vez que, embora ela permita que as empresas possam encontrar mais formas de mitigar os impactos que causam ao meio ambiente, também há as que lançam mão dessa alternativa e não aplicam medida alguma nem se adequam para minimizar danos – e ainda usam as compensações para encobrir possíveis práticas nocivas ao passo que ganham o respeito de órgãos fiscalizadores e a simpatia da opinião pública.
Além disso, segundo Eric, as compensações de carbono não são suficientes para mitigar a quantidade de poluentes lançada na natureza todos os anos. Assim, os críticos dessa alternativa argumentam que as empresas só deveriam buscar a obtenção de créditos de carbono depois de esgotar todas as possibilidades de ajuste para tornar as suas operações menos poluentes.
Ademais, outra situação envolvendo as compensações de carbono é que nem sempre as ações mitigadoras são devidamente fiscalizadas – e o ideal é que existissem agências focadas em garantir que tudo é feito como deveria e que as iniciativas estão alcançando o resultado planejado.
É claro que as compensações de carbono, apesar dos pesares, são uma opção superválida. Afinal, os projetos sociais, desenvolvimento de novas tecnologias e o fomento de seu uso, assim como as medidas mitigadoras implementadas fazem diferença – mesmo que não o suficiente para zerar os danos causados anualmente. Ainda assim, melhor isso do que não fazer nada e simplesmente cruzar os braços diante do problema. Entretanto, é preciso ter cuidado para deixar bem claro que as compensações não são uma solução, mas uma minúscula e singela reparação aos impactos que causamos ao planeta.
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