O cientista He Jiankui, que em 2018 surpreendeu o mundo ao supostamente ter criado os primeiros bebês geneticamente modificados, foi condenado a três anos de prisão na China, nesta segunda-feira (30), sob a alegação de ter praticado a medicina ilegalmente ao realizar a edição de genes de embriões humanos para fins reprodutivos.
Conforme a agência de notícias Xinhua, o geneticista ainda foi multado em 3 milhões de yuans, o equivalente a aproximadamente R$ 1,7 milhão, pela cotação do dia, além de ser banido da medicina reprodutiva para sempre.
Participantes do projeto coordenado por He, os pesquisadores Zhang Renli e Qin Jinzhou também serão presos. Eles foram sentenciados a dois anos e a 18 meses de detenção, respectivamente, e terão que pagar multas de 1 milhão de yuans (R$ 580 mil) e 500 mil yuans (R$ 290 mil). A equipe era composta por 10 cientistas, mas não há notícias sobre punição aos demais.
Na decisão do julgamento, a corte chinesa afirmou que os acusados não possuíam habilitação para praticar medicina e acabaram violando deliberadamente normas de pesquisa científica e tratamento médico ao realizar a edição genética, com o intuito de buscar fama e riqueza.
Técnica é proibida na China
Então professor-assistente da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul de Shenzen, He Jiankui anunciou, em novembro de 2018, ter usado a tecnologia de edição genética chamada CRISPR-Cas9 para modificar os genes de embriões e torná-los resistentes ao HIV, que foram implantados em voluntárias.
Detalhes do experimento nunca foram verificados de forma independente, mas de acordo com as investigações, Jiankui utilizou tecnologia cuja segurança e eficácia são duvidosas e falsificou documentos de avaliação ética. O governo chinês suspendeu as atividades científicas dele poucos dias após o anúncio da sua pesquisa.
Cabe ressaltar que vários países proíbem a edição genética aplicada a humanos, inclusive a China.