Pesquisadores do Instituto Carnegie, em Washington, acreditam ter desvendado o mistério das chamadas “Listras de Tigre” – fissuras enormes presentes na superfície de Encélado, a 6ª maior lua de Saturno, pelas quais são expelidos gases e líquidos. Outras teorias chegaram a ser apresentadas no passado, mas tudo indica que a alternativa proposta agora pela equipe liderada pelo cientista Douglas Hemingway finalmente esclarece o enigma.
Fendas misteriosas
As Listras de Tigre se situam no polo sul de Encélado e medem cerca de 130 quilômetros de comprimento, ficando separadas umas das outras por mais ou menos 35 km de distância – veja na imagem a seguir. Essas formações concentram gêiseres que expelem água pela superfície congelada do satélite e, conforme mencionamos antes, as são fendas imensas, especialmente considerando que a lua mesmo conta com apenas 500 km de diâmetro, aproximadamente.
Descobertas em 2005, durante sobrevoos da sonda espacial Cassini, da NASA, até onde se sabe, nenhum outro objeto no Sistema Solar apresenta fissuras iguais às Listras de Tigre – e uma curiosidade sobre as fendas é que elas foram batizadas com os nomes de “Bagdá”, “Cairo”, “Damasco” e “Alexandria”, em homenagem a cidades que figuram na obra “As Mil e Uma Noites”.
Segundo revelaram os levantamentos realizados pela Cassini, existe um vasto oceano líquido sob a camada de gelo que cobre a superfície de Encélado.Então, uma teoria sobre as fendas foi apresentada pelo cientista Francis Nimmo, da Universidade da Califórnia, em 2006, que propôs que as fissuras teriam se formado em outras regiões do satélite e migrado para o polo sul devido a pontos de calor sob a superfície de gelo – que criavam bolsões de água aquecida de baixa densidade que afetavam ligeiramente o eixo de Encélado, movendo as listras de lugar.
Nova explicação
Pois, a análise das informações coletadas pela sonda apontaram que Encélado, ao orbitar ao redor de Saturno, é impactada pela gravidade exercida pelo gigante gasoso, e a força das marés resultantes da influência gravitacional causa deformações e até o aquecimento do satélite. Além disso, os dados obtidos pela Cassini revelaram que as regiões polares da luazinha são as mais afetadas por esses fenômenos, uma vez que as camadas de gelo são menos espessas nesses locais.
E, com base em tudo isso – e em modelos criados pelo time de Hemingway –, a nova explicação para o surgimento das Listras é que, conforme o satélite sofre períodos de resfriamento, parte do oceano que se encontra sob a superfície congela.Com isso, o líquido, ao se solidificar, sofre expansão, fazendo com que a camada de gelo se torne mais grossa próximo à superfície. No entanto, o oceano que se encontra sob esse gelo todo exerce pressão sobre as camadas superiores e, como nos polos elas são mais finas, é mais fácil que ali ocorram rupturas.
Ainda segundo a explicação, é bastante provável que primeiro tenha surgido uma única fenda – e que esta não tenha voltado a congelar. Então, parte do oceano deve ter fluído para a superfície através da fissura, e o seu acúmulo e posterior congelamento causaram uma sobrecarga que contribuiu para a formação das demais Listras.
Ademais, as marés e a deformação ocasionadas pela gravidade de Saturno fazem com que as fendas se estreitem e voltem a se dilatar, impedindo que elas fechem – e o líquido que vaza pelas aberturas colabora para que elas permaneçam ativas. Para completar, se Encélado fosse maior e, portanto, possuísse uma força gravitacional mais acentuada, as fissuras adicionais provavelmente não teriam se formado, daí o motivo de as 4 Listras só existirem na pequena lua saturniana.
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