No início de janeiro deste ano, a sonda chinesa Chang'e-4 escreveu seu nome da história da exploração espacial ao pousar no lado oculto da Lua. Agora, chegou a vez da ativação do radiotelescópio holandês-chinês NCLE (sigla para Explorador de Baixa Frequência Holanda-China em inglês). As três antenas do dispositivo se desdobraram depois de um ano e meio no espaço.
A demora foi causada pela Chang'e-4, que precisou da ajuda do satélite de comunicações que levou o NCLE ao espaço. Agora, o satélite foi destinado a ajudar o radiotelescópio, passando a transmitir dados de radioastronomia.
Desenvolvido na Holanda pela Universidade Radboud, pelo Instituto Holandês de Radioastronomia (Astron) e pela empresa ISISpace, o NCLE é o primeiro tipo de radiotelescópio construído para gravar sinais de rádio fracos dos momentos iniciais do universo, um período chamado de Idade das Trevas.
A atmosfera da Terra bloqueia esses sinais; por isso, o radiotelescópio foi posto em um satélite (o QueQiao, da Administração Espacial Nacional da China/CNSA) e levado para a face escura da Lua (o lado que sempre está afastado da Terra), onde permanece em órbita desde o início do ano – primeiramente, ajudando a Chang'e-4 em sua exploração lunar.
Ouvindo os primeiros sons do universo
“Vamos poder realizar nossas observações durante a noite (que lá dura 14 dias) atrás da lua e ajudar a missão Chang'e-4 ", disse o diretor administrativo do Radboud Radio Lab e líder da equipe holandesa, Marc Klein Wolt.
Permanecer mais tempo do que o previsto no lado escuro da Lua produziu efeitos sobre as antenas, que enfrentavam problemas para se desdobrarem. Porém, com as antenas ainda curtas, já foi possível captar sinais de 800 milhões de anos após o Big Bang; agora, com o equipamento em pleno funcionamento, o NCLE será capaz de capturar sinais logo depois da explosão que deu início ao universo.
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