Pense na dificuldade de se trabalhar com objetos extraordinariamente pequenos – tão minúsculos que a cabeça de um alfinete seria grande o suficiente para acomodar 5 bilhões deles. Pois um grupo de cientistas encontrou uma forma de fazer com que cubinhos diminutos se organizem sozinhos – de modo que eles se reúnam para compor formas definidas pelos pesquisadores e sem que haja necessidade de que sejam manipulados. Bruxaria?
A equipe é liderada por Verner Håkonsen, da Universidade Tecnológica da Noruega, e os tais cubinhos consistem em nanocristais produzidos em laboratório. Já com relação a conseguir a proeza de controlar o comportamento desses objetos diminutos e fazer com que eles se juntem e formem estruturas sozinhos, os cientistas utilizam o magnetismo – e o bacana do método é que os cristaizinhos se organizam perfeitamente no formato que os pesquisadores definirem, contanto que sejam submetidos às condições certas.
Supercristais
Se você se se interessa por nanotecnologia, deve saber que existem outras técnicas para manipular o comportamento de nanocristais e conseguir com que eles se agrupem. No entanto, esta é a primeira vez que o magnetismo é empregado com o objetivo de se investigar e compreender as propriedades mecânicas de determinadas estruturas compostas por esses materiais.
Nesse sentido, durante os experimentos, os cientistas descobriram que, ao submeter os nanocristais a um campo magnético, o aumento das interações magnéticas entre os cubinhos podia fazer com que a energia de coesão entre eles fosse elevada em até 45% - convertendo-os no que os pesquisadores chamaram de “supercristais”. Essa descoberta, por sua vez, aliada às suas novas propriedades magnéticas, pode ampliar absurdamente o leque de possibilidades de uso desses materiais, abrangendo desde a tecnologia da informação até a indústria automobilística.
O estudo ainda permitiu que os cientistas explorassem melhor uma peculiaridade dessa área, que é a de que quanto menores forem as partículas que formam os supercristais, mais instáveis eles podem se tornar – o que significa que tanto o comportamento como as estruturas de algumas nanopartículas podem mudar espontaneamente.
Contudo, o contrário também acontece, ou seja, quanto maiores forem as partículas, mais estável será a estrutura do cristal. Então, considerando que as dimensões das partículas influenciam o comportamento dos materiais, os pesquisadores podem realizar novos experimentos para testar e tentar controlar novas propriedades e comportamentos dos supercristais.