Os cientistas andaram descobrindo diversas esquisitices cósmicas recentemente – e uma delas foi anunciada há alguns dias por pesquisadores do Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha, na Espanha. Desta vez, o astro bizarro consiste em um Gigante Gasoso que orbita uma anã vermelha pequenina a uma distância menor do que Mercúrio viaja ao redor do nosso Sol e, segundo os astrônomos, o planeta é grande demais para sua estrela e, portanto, além de teoricamente não dever existir, levanta questões sobre como sistemas planetários como esse inclusive chegam a se formar.
Planeta impossível
O gigante gasoso em questão é conhecido pela sigla GJ 3512 b – enquanto a anãzinha vermelha se chama GJ 3512 e produz apenas 0,2 % da energia que o nosso Sol gera – e possui uma órbita excêntrica de 204 dias, dos quais a maioria é passada próximo à pequena estrela, e se encontra a 31 anos-luz de distância de nós. E por que esse planeta nem sequer deveria existir?
Porque, de acordo com os modelos teóricos de formação planetária, sóis com pouca massa deveriam abrigar mundinhos pequenos, com dimensões semelhantes às da Terra ou de mininetunos. No entanto, o GJ 3512 b tem cerca de 46% do tamanho de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, e conta com 250 vezes menos massa do que a GJ 3512, apenas. A título de comparação, o nosso gigantão gasoso apresenta mil vezes menos massa do que o Sol. Já a anãzinha vermelha é somente 35% maior do que Júpiter, mais ou menos.
Basicamente, o que os astrônomos encontraram foi um “planeta impossível”, um mundo que não deveria existir. Segundo os modelos teóricos, os planetas são criados a partir do material presente nos discos protopanetários presentes ao redor de estrelas jovens – cujas partículas vão se chocando e agregando até ganharem gravidade suficiente para atrair mais material e, eventualmente, formarem um mundo –, incluindo os gigantes gasosos.
Mas, para que esse tipo de planeta possa surgir, é necessário que as partículas coalesçam até compor um núcleo com massa de 5 a 10 vezes à da Terra, além de ser preciso que haja gases em grandes quantidades no disco protoplanetário. Além disso, conforme o sistema planetário vai se formando, os novos planetas vão utilizando o material disponível no disco e, ao passo que a estrela em seu centro vai se tornando mais (digamos...) madura, ela vai “soprando” os gases através da emissão de ventos solares – fazendo com que a disponibilidade de insumos diminua e, com isso, acabe com as chances de que um gigante gasoso seja criado.
Pois, as circunstâncias observadas ao redor da GJ 3512 não são propícias para a formação de planetas como o GJ 3512 b, e uma possibilidade proposta pelos astrônomos é que ele tenha surgido devido a instabilidades gravitacionais no disco protoplanetário. Segundo essa teoria, agrupamentos de partículas e gás de diferentes temperaturas fizeram com que as áreas mais frias se tornassem mais densas do que as demais, até que as nuvens de material entrassem em colapso e formassem o planeta. E o curioso é que, de acordo com os dados examinados pelo time de cientistas, tudo indica que também existe um GJ 3512 c orbitando ao redor da anã vermelha, o que significa que pode haver outra esquisitice cósmica esperando para ser identificada.
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