Cientistas da NASA divulgaram recentemente mais detalhes sobre o “Dragonfly”, um pequeno drone que deverá ser enviado ao espaço com destino a Saturno. Entretanto, desta vez, o objetivo da missão não será o de estudar o “Senhor dos Anéis” do Sistema Solar, mas sim Titã, a maior das 62 luas conhecidas que orbitam ao redor do planeta gasoso.
Destino distante
Com 80% mais massa do que a nossa Lua – e com dimensões 50% maiores –, Titã, que é maior do que Mercúrio, detém o título de maior satélite natural de Saturno, consistindo no segundo maior de todo o Sistema Solar, perdendo em tamanho apenas para Ganímedes, de Júpiter.
Mas Titã não é apenas imensa! Ela também tem baixa gravidade, é a única lua do nosso sistema planetário dotada de atmosfera densa e o único astro da nossa vizinhança cómica onde os cientistas encontraram evidências de haver lagos e oceanos estáveis em sua superfície, compostos por metano e etano em suas formas líquidas.
E por que mencionamos essas características todas? Porque, além de tornarem Titã um destino óbvio para explorações espaciais, o fato de a sua atmosfera ser bastante densa e rica em nitrogênio e sua força gravitacional ser pouco intensa fazem com que voar e manobrar uma nave por lá seja bem mais fácil do que em outros destinos aqui do Sistema Solar.
Aliás, se tudo correr bem e o drone chegar até o satélite (que se encontra a mais de 1 bilhão de quilômetros de distância de nós!), a verdade é que Titã oferece melhores condições de voo do que a Terra, uma vez que o ar é cerca de 4 vezes mais denso do que aqui e a pressão na superfície é por volta de 50% menor.
Contudo, apesar dessas “facilidades”, não é uma tarefa nada fácil projetar um dispositivo para viajar até o satélite, visto que, se algo der errado, não temos com enviar um mecânico até lá.
Libélula interplanetária
Mas, deixe a gente falar mais sobre o drone! O Dragonfly – palavra que, em inglês, significa libélula – consiste em um octocóptero que, durante a missão, deverá voar de um ponto a outro através do sistema VTLO (sigla de Vertical Take-Off and Landing) de decolagem e aterrissagem vertical.
Ademais, o dispositivo será capaz de atingir velocidades de aproximadamente 35 km/h, voar até altitudes de 4 mil metros e suportar temperaturas de até – 180 °C, bem como continuar funcional caso perca um de seus motores ou rotores.
Para se manter em funcionamento, como Titã se encontra superdistante do Sol e recebe o equivalente a 1% da energia solar que a superfície do nosso planeta recebe, o drone será equipado com uma combinação de baterias e um gerador termoelétrico de radioisótopos – que será o responsável por carregar as baterias durante a noite para que o dispositivo possa voar no dia seguinte.
Apenas a título de curiosidade, 1 noite no satélite tem duração de mais ou menos 8 dias terrestres, então, o geradorzinho terá tempo para trabalhar.
Também por conta da distância que existe entre a Terra e Titã, não é viável que o drone seja controlado de forma remota por pesquisadores “terráqueos” – devido aos atrasos que seriam gerados –, portanto, o Dragonfly precisará voar de forma autônoma.
E qual será a missão do drone, afinal? O equipamento deverá realizar todo tipo de levantamento, como monitorar as condições climáticas da lua, estudar a sua sismologia e coletar e analisar amostras e, para isso, será equipado com câmeras panorâmicas e microscópicas, sensores meteorológicos, um espectrômetro de massa, um de raios gama e um de nêutrons.
Sim, tudo isso em um único drone – e, considerando a agilidade desses aparelhos, o Dragonfly poderá estudar muito mais da superfície de Titã e em um tempo muito mais curto do que os exploradores que já foram enviados a Marte conseguiram em suas missões no Planeta Vermelho, por exemplo.
No fundo, o que o pessoal da NASA deseja mesmo é explorar os oceanos e lagos da lua, cuja composição lembra a que existia nos corpos hídricos da Terra em seus primórdios, e tentar descobrir se eles abrigam alguma forma de vida ou oferecem condições para que ela surja algum dia.
O Dragonfly deve partir em sua viagem em 2026 e chegar ao seu destino em 2034, então teremos que aguardar mais alguns tantos anos para que as investigações tenham início. Mas, mesmo que o drone não encontre organismo nenhum no satélite, o dispositivo certamente nos brindará com muitas descobertas interessantes.
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