Tendo em mente o gigantesco custo e investimento de tempo necessários para se desenvolver um novo medicamento e disponibilizá-lo no mercado, uma startup norte-americana escalou sua IA para produzir uma droga e ver o que acontecia. A coisa toda não passou de um teste, mas as máquinas não só demonstraram ter um enorme potencial para encurtar o processo atual – e cortar dramaticamente custos –, como conseguiram produzir uma nova molécula com propriedades medicinais.
Inteligência artificial a serviço da medicina
Segundo Gregory Barber, do site Wired, de acordo com algumas estimativas, o processo entre o desenvolvimento e comercialização de novos fármacos pode ser incrivelmente lento e necessitar do investimento de bilhões de dólares, dependendo do medicamento. Mas, conforme apostam muitos especialistas, a IA poderia entrar em cena e reduzir dramaticamente o tempo de pesquisas e, consequentemente, o custo de criação de novas drogas.
Um dos caras que acredita que a IA pode fazer toda a diferença é Alex Zhavoronkov, fundador da startup Insilico Medicine. Ele encarou recentemente um desafio proposto por uma companhia farmacêutica que envolveu colocar a IA para trabalhar na busca de moléculas que se ligassem a uma proteína relacionada com a cicatrização de tecidos para ver quanto tempo isso levaria. As moléculas foram efetivamente identificadas e sintetizadas em laboratório para ter sua eficácia comprovada e os resultados foram impressionantes para um 1º teste.
O pessoal da Insilico Medicine contou com a colaboração de um time de pesquisadores da Universidade de Toronto – e, juntos, criaram 30 mil moléculas diferentes em apenas 21 dias. Dessas, 6 foram sintetizadas e 4 delas mostraram potencial durante os experimentos iniciais. Depois, 2 das moléculas foram testadas em células e a mais promissora da dupla aplicadas em ratinhos de laboratório, mostrando não só ter efeito sobre a proteína com a qual a molécula deveria atuar, como mostrou ter efeitos medicinais.
Os resultados são muito significativos, não só porque a IA conseguiu, de fato, criar tantas moléculas em potencial em tão pouco tempo, mas porque a pesquisa não ficou somente no papel – ou nos computadores da startup – e demonstrou bons resultados nos ensaios, validando as previsões dos especialistas.
Grande potencial
Na realidade, existem inúmeras companhias desenvolvendo moléculas e trabalhando na criação de novos fármacos, mas é imprescindível observar a resposta celular e testar as substâncias projetadas em laboratório para que seja possível comprovar a eficácia e segurança de um possível tratamento. A Insilico Medicine começou treinando sua IA para pensar como um especialista em química medicinal pensaria e colocou os resultados à prova para ver como as moléculas se comportariam no mundo real.
Ainda assim, é importante esclarecer que a IA da Insilico Medicine ainda não é tão “inteligente” assim – bem como a de outras companhias trabalhando em projetos semelhantes –, uma vez que, tal como o trabalho foi apresentado agora, a molécula teria que passar por ajustes e alterações para avançar para a fase de ensaios clínicos, o que tomaria tempo, que é justamente o que se está querendo economizar. Além disso, a equipe focou em uma área (cicatrização de tecidos, lembra?) que já conta com um grande volume de informações para alimentar a IA, e o desafio seria diferente caso se tratasse de uma doença rara, por exemplo.
Contudo, o teste deixou evidente que o potencial existe e deve ser explorado, especialmente porque a tecnologia está avançando a passos largos – e desde que os experimentos com a molécula da Insilico Medicine foram realizados, há cerca de 1 ano, sua IA foi expandida e o sistema melhorado para trabalhar com objetivos biológicos mais complicados e dos quais existem menos informações disponíveis. Pode que a evolução leve alguns anos ainda, mas ela chegará com certeza, e a expectativa é de que ela traga muitos benefícios a todos.
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