Um estudo encabeçado pelas universidades alemãs de Bonn e Colônia e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) analisou materiais coletados na superfície da Lua a fim de definir com mais precisão a sua "data de nascimento". Pesquisas anteriores estimam que o surgimento do satélite tinha se dado entre 30 e 200 milhões de anos após o início da formação do Sol e do sistema que o rodeia, como consequência do choque do planeta Theia com a Terra.
Ao que tudo indica, o extinto globo de proporções similares às de Marte colidiu de raspão com o nosso planeta a 40 mil quilômetros por hora, causando o desprendimento de materiais rochosos de ambos os corpos celestes. Esse evento foi batizado pelos cientistas como Big Splash, ou Grande Impacto, e os pedaços gigantes se juntaram no espaço, formando o nosso satélite natural.
Apesar de estudar o Universo não ser tarefa fácil, os geólogos chegaram a uma estimativa precisa da idade da Lua. De acordo com a pesquisa, seu nascimento aconteceu há 4,51 bilhões de anos, 50 milhões de anos após a aparição do Sistema Solar.
Pesquisas minuciosas
Desde o fim da década de 1960, quando foi concluída a primeira expedição bem-sucedida do Programa Apollo, da NASA, inúmeras pesquisas vêm sendo realizadas nos mais de 400 quilos de materiais extraídos. Foram 17 missões em 4 anos e aproximadamente 2,2 mil pedras trazidas por astronautas para análise.
De acordo com Felipe Padilha Leitzke, geólogo brasileiro membro da UFRGS que participou do estudo, após a formação da Lua, uma camada de magma cobriu a sua superfície. Esse material esfriou e se transformou em rochas que carregam elementos capazes de contar a história desse processo de desenvolvimento. As pedras trazidas durante o Programa Apollo contêm essas informações.
Dissolvendo as amostras em ácidos, os cientistas procuraram medir a proporção dos elementos háfnio-182 e tungstênio-182, que se relacionam de forma que, ao longo do tempo, o primeiro se transforma no segundo. Segundo Leitzke, isso os torna um relógio radioativo natural. Constatou-se que o tempo de transformação entre eles ocorreu nos primeiros 70 milhões de anos do Sistema Solar.
"Combinando essas informações com dados de experimentos de laboratório, o estudo descobriu que a Lua já começou a se solidificar a partir de 50 milhões de anos após a formação do Sol e seus planetas", detalha Leitzke. Ainda segundo o geólogo, isso aponta também quando ocorreu o último grande evento de diferenciação do nosso planeta. Esse dado pode solidificar a teoria do Grande Impacto, que presume a colisão entre os planetas Terra e Theia.
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