Um time de astrônomos conseguiu observar um exoplaneta "recém-nascido" formando espaços no disco protoplanetário de sua estrela, criando o que, visivelmente, lembra um sol com anéis. O jovem mundo, um gigante gasoso com o dobro do tamanho de Júpiter, foi descoberto orbitando uma estrela conhecida como HD 97048 na Constelação de Camaleão, localizada a 603 anos-luz, e essa foi a primeira vez que os cientistas conseguiram mostrar esse tipo de perturbação criada por planetas.
Maternidades planetárias
Os discos protoplanetários, caso você nunca tenha ouvido falar neles, consistem em regiões compostas por fragmentos, poeira e gás cósmicos que funcionam como uma espécie de maternidade planetária, uma vez que o material contido nesses discos acaba colidindo e se aglomerando gradualmente até formar planetas.
Contudo, como essas maternidades planetárias costumam ser encontradas ao redor de estrelas jovens — superbrilhantes e ativas, portanto —, não é nada fácil identificar exoplanetas nesses locais, já que a luz emitida por esses astros dificulta a observação. Esse, aliás, é o caso da HD 97048; por isso, ao invés de focar as buscas em possíveis mundos, os astrônomos tentaram uma abordagem diferente.
De acordo com Jackson Ryan, do site C|Net, os cientistas decidiram procurar por bandas desprovidas de material no disco protoplanetário ao redor da HD 97048, encontraram o recém-nascido gigante abrindo espaço na maternidade planetária e usaram uma analogia bem simples para explicar a descoberta.
Interferência
Segundo os astrônomos, é como se tivéssemos um fluxo de água, colocássemos um obstáculo em seu caminho e esse objeto interrompesse a correnteza, criando uma perturbação. Só que, no caso, em vez de um rio, estamos falando de uma colossal nuvem cósmica e, no lugar de uma pedra (ou coisa do tipo), temos um baita de um mundão. Aliás, os anéis de Saturno são resultado de uma dinâmica semelhante, mas as perturbações são geradas pelas luas do planeta.
Mais especificamente, os cientistas identificaram dois grandes anéis circundando a HD 97048 com um imenso espaço vazio entre eles — onde o Júpiter recém-nascido foi encontrado. Observações e simulações revelaram que essa banda foi criada pelo exoplaneta.
A técnica consiste em uma alternativa aos métodos normalmente usados na busca de exoplanetas e parece ser eficiente para encontrar mundos que se encontram em órbitas mais distantes de seus sóis. Ela foi empregada pelo mesmo time em uma ocasião anterior, para a observação de outra estrela, a HD 163296, que resultou na identificação de diversos mundos, e poderá ser empregada no futuro para a descoberta de novos candidatos e para ajudar os astrônomos a compreenderem melhor os processos envolvidos na formação de sistemas planetários.
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