Como se a lista de riscos envolvendo as futuras missões a Marte não fosse longa o suficiente, um estudo recente apontou que a exposição à radiação durante uma viagem ao Planeta Vermelho poderia afetar o cérebro dos astronautas, causar problemas cognitivos e intensificar os quadros de ansiedade, pondo em dúvida a capacidade humana de suportar deslocamentos de longa duração pelo espaço.
Cérebro em risco
A pesquisa envolveu expor ratos de laboratório a doses baixas de radiação em um ambiente controlado; depois de apenas 6 meses, os problemas eram óbvios. De acordo com os cientistas que conduziram os experimentos, após esse período os animais passaram a evitar transições luminosas e apresentar dificuldades de interação social e de concentração, problemas de aprendizado, falta de memória e comportamentos relacionados ao transtorno de estresse pós-traumático; além disso, exames revelaram alterações fisiológicas na estrutura cerebral das criaturas.
Conforme explicaram os pesquisadores, os testes foram feitos em uma instalação de emissão de nêutrons, raios gama e outras partículas e replicaram de maneira realista a radiação à qual seres humanos seriam expostos durante os 6 ou 8 meses que levariam para chegar até Marte — sem contar a viagem de volta à Terra —, e os resultados surpreenderam bastante a equipe.
Os cientistas estimam que a radiação levaria um a cada cinco astronautas a desenvolver sérios quadros de ansiedade; um em três a ter problemas de memória; e boa parte teria dificuldade para tomadas de decisão, situações que poderiam pôr suas vidas em risco.
Na realidade, estudos anteriores já haviam sugerido a ocorrência de alterações cognitivas durante os deslocamentos pelo espaço, mas a pesquisa atual não só parece confirmar isso como também revelou alguns dos problemas específicos que os humanos poderiam desenvolver em viagens mais longas, pondo em evidência a necessidade de se considerar seriamente a radiação no planejamento de futuras missões.
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