Uma pesquisa liderada pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis permitiu que pacientes paraplégicos caminhassem. O trabalho foi publicado na revista Scientific Reports e utiliza várias abordagens combinadas para o feito. A principal delas é um dispositivo de estimulação muscular e de uma interface cérebro-máquina, que permite controlar outros aparelhos por meio do pensamento.
Na prática, o paciente imagina que sua perna está se movendo, o que aciona a contração de oito músculos naquele membro e permite que os passos sejam dados. Os dois participantes do estudo possuem paraplegia crônica e, de acordo com o artigo da equipe de Nicolelis, foram capazes de caminhar em segurança apoiados entre 65% e 70% de seu peso corporal. Além disso, deram 4580 passos durante os testes.
(Reprodução/Scientific Reports)
Melhoras
O trabalho relata que foram encontradas melhoras cardiovasculares e houve menor dependência de assistência para se locomover. Outro benefício reportado pela equipe foi uma recuperação neurológica parcial dos dois pacientes. Um deles tem 40 anos e sofreu a lesão medular há quatro, enquanto o outro tem 32 e sofreu a lesão há 10 anos.
A pesquisa faz parte do projeto Andar de novo (Walk Again Project), que é um consórcio internacional sem fins lucrativos reunindo pesquisadores dedicados a estudar a recuperação de pacientes com lesões medulares. O vídeo da caminhada dos pacientes foi postado no Twitter e no YouTube.
Em mais 1 estudo, o Projeto Andar de Novo demonstra c/ 3 pacientes paraplégicos conseguiram andar através do uso de 1 interface cérebro-máquina q controla 1 estimulador ñ invasivo da musculatura dos membros inferiores
— Miguel Nicolelis (@MiguelNicolelis) May 10, 2019
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O pesquisador comparou o trabalho do qual participou com outro produzido na Suíça no ano passado. De acordo com Nicolelis, o dispositivo desenvolvido por sua equipe tem a vantagem de ser um método não invasivo e de funcionar para pacientes com lesões medulares graves.
Trabalho suíço usou paciente ASIA D - 1 nível abaixo do normal - para demonstrar sua técnica e não pacientes ASIA A ou B, que incluem os casos mais graves de paraplegia. Por outro lado, nossos pacientes iniciaram protocolo como ASIA A e passaram a andar depois de virar C ou B.
— Miguel Nicolelis (@MiguelNicolelis) May 11, 2019
Esta não foi a primeira demonstração de quão promissor é o dispositivo desenvolvido pela equipe de Nicolelis, que lidera um grupo de pesquisadores na área de Neurociência na Duke University, nos Estados Unidos. Uma pesquisa desenvolvida por ele permitiu que um jovem paraplégico chutasse uma bola durante a abertura da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
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