O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, confirmou em entrevista coletiva durante a MWC 2019 que tem planos para tonar o espaçoporto de Alcântara/MA em uma espécie de “base espacial de aluguel”. A ideia seria convidar especialmente empresas privadas, e até governos, a lançarem foguetes utilizando a estrutura brasileira, que vem sendo pouco aproveitada desde a tragédia com o VLS-1 V03 em 2003.
“A ideia para Alcântara é que a nossa base se torne um centro comercial de lançamento de foguetes. Sendo um centro comercial, a gente tem a possibilidade de trazer negócios para a região”, disse o chefe do MCTIC em coletiva durante a MWC 2019, em Barcelona, Espanha.
O ministro também rebateu críticas de que uma mudança de regime como essa poderia ser um golpe na soberania nacional. “Às vezes, o pessoal chega com uma ideia completamente equivocada de que: ‘vocês vão alugar Alcântara, vamos perder soberania’. Nada disso!”, refutou Pontes.
Inspiração nos EUA
Segundo ele, um modelo muito parecido com o que os EUA aplicam no Kennedy Space Center seria desenvolvido para o Maranhão. Nesse caso, haveria locais dedicados aos lançamentos de aluguel ou uma espécie de portfólio de lançadores. Quando houvesse um contrato de lançamento, as autoridades gerenciariam e acompanhariam o negócio. Uma fez lançado o foguete privado ou de algum outro país, o processo se encerraria, não rendendo prejuízos ao Brasil.]
A equipe de Marcos Pontes na MWC 2019.
“Se você olhar o Kennedy Space Center agora que ele se tornou uma base comercial, aquilo ressuscitou, eu diria, toda a sua região no entorno, aquela que quase morreu logo depois do fim dos Ônibus Espaciais americanos”, disse Pontes, indicando que busca o desenvolvimento social e econômico do norte maranhense com o projeto.
Segundo o ministro, ainda não há nenhum tipo de proposta comercial de lançamento para o local, mas ele crê que, ainda em 2019, teríamos uma “uma movimentação muito prática no sentido de colocar o centro em funcionamento”.
Pontes também comentou que o novo acelerador de partículas brasileiro, o Sirius – inaugurado por Michel Temer em 2018 -, continuará recebendo investimentos para finalizar sua estrutura e passar a operar em toda a sua capacidade e possibilidades.
Na íntegra
Ficou curioso para saber mais?Confira abaixo a resposta completa do ministro a respeito da base de Alcântara, fornecida após pergunta do TecMundo durante a coletiva de imprensa de Pontes na MWC 2019.
“Esse setor de espaço tem sofrido por muito tempo e não é só questão de orçamento, que na Agência Espacial Brasileira é bem baixo. Neste ano, a gente sofre o efeito do orçamento do governo passado. Mas assim, o ponto importante é o nosso centro de lançamento em Alcântara tem sobrevivido ao longo do tempo. Então eu já conversei com as autoridades locais e chegamos à conclusão de que o centro pode e deve ser uma joia para ajudar aquela região a se desenvolver, assim como aconteceu no Johnson Space Center, nos EUA. Isso para o desenvolvimento social e econômico de Alcântara.
Se você olhar o Kennedy Space Center, agora que ele se tornou uma base comercial, ele ressuscitou, eu diria, toda a sua região no entornou que quase morreu logo depois do fim dos Ônibus Espaciais. Agora, a região está muito bem desenvolvida, graças ao centro. Isso a gente consegue fazer também. A ideia para Alcântara é que aquilo lá se torne um centro comercial de lançamento de foguetes.
Sendo um centro comercial, a gente tem a possibilidade de trazer negócios para a região. Mas às vezes, o pessoal chega com uma ideia completamente equivocada de que: ‘’vocês vão alugar Alcântara, vamos perder soberania’. Nada disso! A gente pensa exatamente o mesmo modelo que do Kennedy Space Center, no qual você pode ter um portfólio de lançadores, e você pode lançar satélites de vários países em locais apropriados. No caso, as nossas autoridades fariam o gerenciamento e acompanhamento e, depois disso, está encerrado aquele negócio. Fornece empregos locais, empresas locais podem trabalhar dentro do centro. Para a região, será uma coisa extremamente positiva.
Por enquanto, a gente tem visto o centro em si, vendo as condições técnicas do centro, ver como a gente consegue montar esse sistema todo. Temos a questão de documentação e acordo de salvaguarda com os Estados Unidos, uma vez que a maior parte dos satélites têm componentes peças americanas e isso precisa ser visto antes e já está bem adiantado. Por isso eu diria que, neste ano, a gente já poderia ter uma movimentação muito prática no sentido de colocar em funcionamento”.
Categorias