Elon Musk é mais conhecido atualmente por seu trabalho à frente das empresas Tesla, SpaceX e The Boring Company, com as quais ele tenta revolucionar o transporte, o uso de energia renováveis e a exploração espacial. No entanto, outra startup criada pelo bilionário chama a atenção exatamente por não receber tanto destaque quanto essas duas. Trata-se da Neuralink, criada há um ano com o objetivo de conectar o cérebro das pessoas a uma inteligência artificial.
Essa interface entre cérebro e computador é normalmente utilizada em pesquisas que buscam melhorar o tratamento de distúrbios como o Mal de Parkinson, mas ela também tem outras aplicações promissoras, como a possibilidade de enviar comandos para uma máquina apenas com o pensamento, o que permitiria a criação de um teclado que pode ser controlado sem nenhum movimento do corpo, por exemplo. A estimativa é que algo assim poderia virar realidade antes de 2028.
Mesmo assim, o próprio site da Neuralink traz pouquíssimas informações sobre isso. Elon Musk também quase nunca cita a empresa publicamente, tendo tuitado sobre ela apenas três vezes, sendo duas em resposta a notícias que diziam que a empresa não conseguiu atingir suas metas de captação de recursos. Na época, Musk disse que a startup não estava tentando arrecadar fundos.
O motivo do silêncio
De acordo com uma investigação feita pelo Gizmodo, um dos motivos para tanto segredo pode ser o fato de que a tecnologia que a empresa desenvolve exige a realização de testes em ratos e camundongos. Vários documentos obtidos pela publicação mostram que a Neuralink tentou abrir um laboratório de testes em animais na cidade norte-americana de São Francisco, embora ela pareça ter abandonado o plano de transformar a própria sede em um laboratório.
A Neuralink foi criada há um ano com o objetivo de conectar o cérebro das pessoas a uma inteligência artificial.
A ideia parece ter sido deixada de lado para que o laboratório possa ser construído em um local com aluguel mais barato. Na mesma época, a Neuralink começou a investir em pesquisas feitas pela Universidade da Califórnia em Davis, uma das sete instituições do país que faz testes em primatas na área biomédica.
De qualquer forma, a companhia solicitou e conseguiu uma licença do Departamento de Saúde Pública da Califórnia para utilizar animais em testes. A reportagem entrou em contato com o departamento, que informou não ter inspecionado o local, embora diga que isso pode acontecer a qualquer momento. A licença vence nos próximos dias e a Neuralink ainda não pediu uma renovação.
O futuro da Neuralink
Com a falta de informações, é muito difícil saber o que podemos esperar da startup durante os próximos anos, especialmente quando levamos em conta o histórico das empresas de Elon Musk, que demoram bastante até apresentarem resultados palpáveis e disponíveis no mercado.
Os planos de construção do antigo laboratório podem colocar alguma luz no caso, mostrando que a empresa pretendia ter um andar do edifício dedicado a criação dos implantes para o cérebro, enquanto outro nível abrigaria o espaço de testes nos camundongos. Uma das possibilidades para as experimentações envolve ainda a utilização de poeira neural — pequenas partículas de silício que são espalhadas no cérebro e monitoradas por ultrassom.
A Neuralink continua abrindo vagas para contratar engenheiros especializados no gerenciamento de laboratórios, o que pode apontar para a construção de um novo prédio no futuro. E embora os testes em animais sejam necessários para o desenvolvimento dessa tecnologia, é normal que o próprio fundador evite falar muito sobre isso para evitar o risco de protestos de defensores dos direitos dos animais. Mais novidades devem surgir em um futuro próximo.
Tanto a Neuralink como Elon Musk não quiseram se pronunciar sobre a reportagem.
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