A startup Swarm Technologies é a primeira empresa acusada de realizar um voo comercial não autorizado de satélites na órbita terrestre. A companhia lançou quatro pequenas sondas, que seriam usadas para testes de uma rede espacial de conexão para a Internet das Coisas (ou Internet of Things — IoT). Os objetos foram juntamente com uma carga espacial de um Polar Satellite Launch Vehicle (PSLV), que saiu da Índia no dia 12 de janeiro.
Lançamento estava vetado porque as sondas eram muito pequenas e poderiam causar problemas de segurança, segundo a FCC
Bem, antes de mais nada é preciso voltar até dezembro do ano passado, quando a Swarm teve negada uma autorização para o envio de seus quatro SpaceBEEs (Basic Electronics Elements, ou “elementos eletrônicos básicos”), dispositivos de comunicação para a IoT. Um documento revelado pelo periódico científico IEEE Spectrum mostra que a Comissão Federal de Comunicações (ou Federal Communications Commission — ou FCC), órgão regulador da área de telecomunicações nos Estados Unidos, negou à Swarm o envio desses componentes, sob a justificativa de que era um risco potencial à segurança de outras naves devido ao pequeno tamanho dos mesmos.
Posteriormente, no dia 7 de março deste ano, a FCC enviou uma nova mensagem, explicando que o status desse projeto ainda estava pendente e aguardava uma revisão do International Bureau, que é o braço internacional para assuntos globais da comissão, para o lançamento de quatro SpaceBEEs maiores e ajustados com as exigências — algo que poderia acontecer em abril.
Satélites SpaceBEEs aparecem na listagem da carga enviada ao espaço
Acontece que os SpaceBEEs foram redesenhados para o tamanho padrão de CubeSats, de 4 polegadas de cada lado, e enviados na surdina com cargas dos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha. A FCC e nem a Swarm dão detalhes de quem foi o operador responsável e como os satélites foram parar lá sem a devida autorização. Pelo menos por enquanto, as missões futuras da startup estão suspensas.
Confira a subida do PSLV-C40:
Swarm é formada por dois talentosos engenheiros espaciais
A Swarm Technologies é uma startup baseada no Menlo Park, na Califórnia, e é uma empresa derivada de dois engenheiros bastante conhecidos nesse setor. A CEO canadense Sara Spangelo trabalhou no Laboratório de Propulsão à Jato da NASA antes de desenvolver alguns projetos para a divisão X do Google, em 2016.
Seu parceiro de negócios, Benjamin Longmier, vendeu sua empresa Aether Industries, fabricante de balões que quase alcançam a órbita terrestre, para a Apple em 2015. Em seguida, ele assumiu aulas na Universidade de Michigan e cofundou a Apollo Fusion, companhia que produz um inovador sistema de propulsão elétrica para satélites.
Esquema mostra como funcionaria a rede espacial da Swarm para a Internet das Coisas na Terra
A rede que a Swarm quer montar na órbita terrestre pretende integrar todos os rastreadores e sensores com conectividade de dispositivos da IoT, mesmo em áreas remotas, utilizando Bluetooth, LoRa (longo alcance sem fio), WiFi e até faixas de rádio VHF.
Episódio abre precedente para mudanças na regulamentação
Isso tudo gera muitas questões a respeito de autorizações e licenciamentos comerciais de multinacionais que queiram explorar o espaço da órbita terrestre e quais são os protocolos que cada agência têm que cumprir. Outro ponto também bastante comentado por especialistas fica sobre a identidade dos fabricantes dos SpaceBEEs, que foi mantida em segredo antes do lançamento — uma prática mais comum no desenvolvimento de software para serviços de lançamento.
E, claro, ficam as dúvidas a respeito sobre as possíveis sanções e o futuro da startup. Como dito, por enquanto a FCC e a Swarm não estão comentando. Mas podem acreditar que isso ainda vai render muito assunto para breve.
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