Um artigo científico publicado hoje (24) na revista Nature descreve um novo sistema de reprodução de imagens que parece saído dos filmes de ficção científica. Os pesquisadores da Universidade Brigham Young, nos EUA, responsáveis pelo projeto, explicam que esses hologramas tridimensionais são, na verdade, "imagens volumétricas", capazes de ocupar o mesmo espaço que outros objetos ou mesmo pessoas.
Aparecem flutuando no ar como qualquer outro objeto
Isso quer dizer que os cientistas não precisaram construir um espaço hermético, como um cubo de vidro ou qualquer coisa do tipo, para gerar as imagens que você confere no vídeo. Elas aparecem flutuando no ar como qualquer outro objeto. Falando em ar, esse é o elemento-chave da pesquisa.
Os pesquisadores chamam esse seu novo sistema de Optical Trap Display (OTD) ou “tela de aprisionamento óptica”. Ela consegue capturar partículas em suspensão no ar e as mover rapidamente enquanto lasers coloridos iluminam esse elemento. Conforme a partícula se move no ar, os lasers combinam cores primárias para formar imagens, e os rastros de luz se encarregam de gerar o efeito de solidez.
Já foi possível gerar todo tipo de imagem com esse sistema, desde desenhos simples como os do vídeo até fotos de pessoas e da própria Terra. A resolução também é interessante: 1,6 mil pontos por polegada (dpi). Uma foto impressa comum normalmente traz 300 dpi e telas de smartphones top de linha — como a do Galaxy S8 — chegam a mais de 500 dpi ou ppi.
O único problema é que, por enquanto, o sistema só consegue manipular uma partícula por vez no ar. Isso limita significativamente o tamanho das imagens reproduzidas pelo OTD, tornando o seu uso comercial ainda pouco prático. Ainda assim, os cientistas envolvidos acreditam que poderão encontrar uma solução para essa dificuldade.
“Nós antecipamos que o dispositivo poderá ser prontamente escalado usando paralelismo e consideramos que a plataforma seja um método viável para ciar imagens 3D que compartilham do mesmo espaço que o usuário, da mesma forma que objetos físicos”, diz um segmento do artigo divulgado na revista científica.
A tela (partícula) se move em todas as direções no espaço para gerar a imagem
É interessante, entretanto, destacar as diferenças entre hologramas — que só podem ser vistos a partir de uma certa quantidade de ângulos — de imagens volumétricas, que permitem a visualização de praticamente qualquer direção. Isso porque hologramas são essencialmente imagens 2D projetadas em algum ambiente que serve como uma tela invisível. No caso das imagens volumétricas criadas com o OTD, a tela (partícula) se move em todas as direções no espaço para gerar a imagem, essencialmente criando um objeto de luz 3D.
Por conta disso, entretanto, os pesquisadores ressaltam que, no momento, essa tecnologia não poderia ser utilizada ao ar livre devido ao vento, que poderia interferir na manipulação das partículas. Vale destacar também que, no vídeo, as imagens parecem piscar, mas, a olho nu, esse efeito é invisível. Isso acontece por conta da taxa de atualização das câmeras de vídeo, mas não afeta humanos ou mesmo fotos estáticas.
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