Monitorar pequenas alterações na gravidade da Terra quando algum terremoto acontece pode ajudar a salvar vidas, acreditam cientistas, que publicaram um estudo sobre isso no jornal Science. De acordo com os especialistas, a ideia é usar ondas de gravidade para realizar esse tipo de mensuração.
A proposta dos cientistas foi baseada em análises feitas do terremoto Tohoku, que também foi responsável pelo tsunami que atingiu Fukushima em março de 2011 (considerado o quinto evento mais forte que atingiu o planeta).
O abalo sísmico alcançou 9 graus na escala Richter e causou um estrago tão grande que modificou também a superfície da Terra. Mas o dado mais interessante identificado sobre esse cenário foi a alteração que o abalo causou na gravidade terrestre.
Isso aconteceu por conta da composição interna da Terra, que não é homogênea. Em locais como o atingido por Tohoku, onde o epicentro se deu no oceano, é comum haver esse tipo de modificação na gravidade. Isso porque a movimentação ocasionada pelo terremoto muda as formações rochosas subterrâneas, o que consequentemente acaba deslocando também a água e alterando o nível do mar, afetando, por fim, a força gravitacional da região.
Por que tudo isso é importante? Basicamente, sabendo que abalos como o provocado por Tohoku fazem esse tipo de alteração, é possível mensurá-los rapidamente. Dessa forma, cientistas acreditam que poderiam ter avisado as pessoas sobre a intensidade do Tohoku 3 minutos depois de ele começar a agir. Parece pouco, mas é o suficiente para poupar vidas.
Só para você ter uma ideia do quanto esse tempo é bastante: na época do abalo de Fukushima, a Agência Meteorológica do Japão levou 3 horas para detectar o tamanho do desastre. E as estimativas iniciais eram de 7,9 graus de magnitude. O evento resultou em mais de 15 mil mortes.
Como aconteceria
O estudo sugere que sinais gravitacionais viajam a mais de 1,07 milhão de quilômetros por hora e podem ser mais facilmente detectados em estações localizadas em regiões a 1 mil ou 2 mil quilômetros de distância do epicentro. Terremotos possuem um padrão distinto de ondas; sendo assim, elas poderiam ser rapidamente detectadas antes de o desastre realmente acontecer.
Apesar de ainda não existir uma tecnologia que preveja esses abalos sísmicos, terremotos de magnitude de 8,5 graus ou maiores poderiam ser mais bem identificados com a análise de ondas gravitacionais, dando uma margem maior de tempo para agir.
A proposta de monitoramento é especialmente importante se cruzada essa informação com a de outro estudo, apresentado recentemente à reunião anual da Sociedade Geológica da América, que aponta que em 2018 é possível que tenhamos um aumento no número de terremotos por conta de uma ligeira desaceleração na rotação da Terra.
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