Os serial killers são ameaças tão complexas e mortais quanto fascinantes e, se você já viu seriados como "Mindhunter", da Netflix, deve saber que encontrar os padrões e conectar fatos e dados sobre os crimes e as vítimas são linhas de trabalho fundamentais na caça a esses tipos de homicidas. E sabe o que é craque em encontrar padrões e conectar fatos e dados? Sim, a inteligência artificial (ou artificial intelligence — AI). Por isso mesmo é que ela vem sendo usada com mais profundidade nessa área.
A estimativa é de que existam entre 25 e 340 serial killers em atividade nos EUA
Não há informações exatas sobre quantos assassinos seriais existem em atividade nos Estados Unidos. O histórico de falhas no cumprimento da lei, assim como relatórios pouco precisos, junto com evidências de baixa qualidade e a dificuldade em solucionar esses casos misteriosos tornam a missão de definir uma estimativa um tanto quanto árdua.
Suposta carta do Assassino do Zodíaco, que gostava de apavorar o pessoal do The San Francisco Chronicle
A projeção é de um número entre 25 e 340, enquanto o FBI acha que fica em torno de 150 e outros especialistas pensam em algo muito maior. Então, como afunilar a varredura e chegar a resultados mais acurados? “Para encontrar um assassino, é preciso pensar como um assassino”, muitos diriam. E é exatamente isso que estão fazendo com a AI batizada de CARMEL.
CARMEL, a AI que pensa como serial killer e faz poesia
“Entre o final dos anos 60 e início dos 70, um assassino confesso aterrorizou o Norte da Califórnia com uma sucessão de mortes aleatórias e cartas provocativas enviadas para a polícia e para os jornais. Quatro desses comunicados continham criptogramas cheios de letras desconcertantes e símbolos abstratos. Os criptologistas consideram as mensagens de 340 caracteres do Zodíaco, enviadas ao The San Francisco Chronicle em novembro de 1969, o ‘Santo Graal’ de sua espécie”.
A CARMEL já conseguiu desvendar um códice de 1730, de uma sociedade secreta alemã
É com essa chamada que o canal The History Channel apresenta o documentário "The Hunt for the Zodiac Killer", que conta com a participação da AI CARMEL, criada por Kevin Knight, especialista em inteligência artificial e criptografia. Ela foi alimentada por todos os dados disponíveis sobre o assassino do Zodíaco e vem desvendando os códigos. Confira um trecho do programa logo abaixo:
A CARMEL já conseguiu superar o Codex Copiale, um manuscrito de 105 páginas encontrado na Suécia. Datado de 1730, o texto permaneceu um mistério até 2011, quando a máquina revelou que o documento continha informações sobre os ritos de uma sociedade secreta, os Ocultistas, liderados pelo oftalmologista alemão Friedrich August von Veltheim.
E a CARMEL ainda guarda uma surpresa: ela pode usar sua máquina de aprendizado para gerar poesias randômicas. Para testar, é só entrar em seu site.
Jornalista criou um algoritmo “detector de serial killer”
De nada adiantaria pesquisar todo o passado dos principais serial killers se isso não pudesse ser usado no presente, para encontrar os criminosos que estão agindo agora. Por isso mesmo, o jornalista Thomas Hargrove vem reunindo os principais relatórios municipais sobre o assunto para alimentar um algoritmo, capaz de detectar padrões (ou a falta deles) e fazer conexões com relatos de assassinatos atuais.
Anualmente, cerca de 5 mil pessoas matam alguém e saem ilesas. Boa parte delas fez isso mais de uma vez
Hargrove tem o maior catálogo de mortes nos Estados Unidos, com 751.785 casos desde 1976. Só para ter uma ideia, são 27 mil a mais do que o FBI possui em seus arquivos. Usando o código de computador que escreveu, ele procura anomalias estatísticas entre os homicídios mais comuns, resultantes de triângulos amorosos, lutas de gangue, assaltos ou brigas. Todos os anos, cerca de 5 mil pessoas matam alguém e saem ilesas, e boa parte delas fez isso mais de uma vez. É aí que entra o seu projeto, o Murder Accountability Project (MAP).
O MAP, capitaneado por Hargrove, é uma força-tarefa sem fins lucrativos composta por nove membros, que incluem ex-detetives, estudantes e um psiquiatra forense. Ao processar os dados, a AI reúne os detalhes sobre método, local, tempo e gênero da vítima, assim como a taxa de episódios não resolvidos em uma cidade. Atualmente, o grupo vem pesquisando o mistério por trás do acúmulo incomum de mortes por asfixia e estrangulamento de várias mulheres com idade superior a 40 anos em Chicago.
Agências de segurança também vêm explorando o poder da AI
Ainda que muitos dos programas não sejam exatamente ligados aos serial killers, muitos dos dados e das experiências vêm ajudando outras áreas de segurança, investigação e prevenção de crimes. A Veritone, desenvolvedora de AI, vem oferecendo motores cognitivos para transcrição de áudio, reconhecimento facial, identificação de objetos, tradução, análise de áudio e vídeo, entre outros.
Isso tudo vem sendo usado por agências de segurança, inclusive para a produção de provas. A ideia é ter o auxílio de uma máquina capaz de avaliar milhares de horas de registros de vídeos em questão de segundos.
Série "Mindhunter" segue os passos dos assassinos em série
Bem, ainda não dá para dizer exatamente o que o Zodíaco queria dizer com todas suas cartas, nem mesmo rastrear com precisão onde estão os principais assassinos em série de nosso tempo. Mas, se depender dos avanços da AI, certamente muitos deles serão rastreados cada vez mais rápido — e capturados antes que façam mais vítimas e se tornem assunto para mais uma temporada de "Mindhunter".
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