Você já ouviu falar em “sonificação de dados”? É a conversão de informações, como medições científicas, em sinais audíveis, a exemplo de sons, notas musicais e melodias. Uma equipe de pesquisadores criou uma “música espacial” com base em 40 anos de comunicação cósmica entre a agência espacial norte-americana NASA e a sonda Voyager, lançada em 1977 para estudar Júpiter e Saturno.
O resultado é esse aqui, que você pode apreciar enquanto lê os detalhes de como ela foi feita:
A faixa foi criada por Domenico Vicinanza, da rede educacional pan-europeia GÉANT, e Genevieve Williams, da Universidade de Exeter, no sudoeste da Inglaterra. Eles usaram os números coletados para executar uma trilha de três minutos, com o uso de violino, flauta, trompa e a percussão de Glockenspiel.
A dupla explorou algoritmos para mapear o tempo entre os registros feito pelo detector das Low-Energy Charged Particles (LECPs) para determinar os intervalos entre as notas em escala. O aumento e a diminuição do índice é que ditam o tom alto ou baixo. “Assim a música herda as características estruturais dos dados — suas regularidades, suas características e comportamento”, explica Vicinanza.
O conceito veio de Kepler
A ideia não é tão nova assim, parte dos princípios clássicos de Johannes Kepler no trabalho “Harmonices Mundi”, em que o famoso astrônomo calcula a velocidade dos planetas para representar suas órbitas elípticas.
“O que fizemos com a Voyager 1 foi semelhante com o que Kepler fez. Nossa sonificação é baseada nas medições vindas do LECP, mapeamos o número de partículas que chegaram até o detector de som. Quanto maior a conta, maior o tom. Cada número que vem do detector vira uma nota musical, criando uma melodia que segue toda a jornada da nave espacial”, destaca Vicinanza.
A ideia da dupla, assim como Kepler tinha em mente, é fazer com que possamos entender melhor como funciona o cosmos de maneiras pouco convencionais. Dessa forma, a viagem cósmica proporcionada pela bela trilha descreve o trajeto da Voyager 1, incluindo o épico momento dramático de sua aproximação a Júpiter e Saturno e a entrada no espaço interestelar.