Quem achou que a cena de Game of Thrones na qual Cersei Lannister é obrigada a andar nua pela cidade enquanto o povo reage de forma nada amistosa era humilhante, é porque não conhece algumas das artimanhas do governo chinês – que, afinal, acontecem no mundo real. Um exemplo disso é que, recentemente, uma das províncias do país decidiu criar uma punição extra para devedores convictos: fazer com que qualquer ligação para esses indivíduos resulte em uma mensagem da Justiça explicando a situação embaraçosa para quem faz a chamada.
Esse recado no estilo “Ei, esse cara é caloteiro!” foi elaborado pela corte de Guanyun, na província de Jiangsu, e já foi aplicado a pelo menos dez casos nos quais o condenado se recusou a pagar suas dívidas. A gravação feita pelo órgão parece um pouco passiva-agressiva, já que tenta, ao mesmo tempo, envergonhar o pessoal que não paga as contas e convencer o restante da população a ajudar a fazer a cobrança dos valores devidos – tudo com o bom e velho estilo chinês de resolver as coisas.
Cuidado ao não pagar as suas dívidas na China
Por favor, convençam essa pessoa a cumprir suas obrigações legais
“O usuário do número que você discou foi listado como alguém que está descumprindo ordens de pagamentos emitidas pela Corte Pública do Condado de Guanyun. Por favor, convençam essa pessoa a cumprir suas obrigações legais. A Corte Pública do Condado de Guanyun agradece o seu apoio”, diz a mensagem em uma tradução aproximada. Vale notar que, segundo um jornal local, essa estratégia não é usada em todos os casos de dívidas ou contra pessoas que realmente não têm recursos para quitar os valores cobrados.
O foco da iniciativa, na verdade, parece ser em comerciantes que têm cacife para bancar com as cobranças, taxas e multas e que, mesmo assim, se recusam a fazê-lo. Um detalhe interessante é que, graças à forma como o serviço telefônico funciona na China, mudar o número de telefone não é uma alternativa válida para se livrar do recadinho vergonhoso, uma vez que a linha está associada diretamente ao nome e registro de cada cidadão. Se a moda pega aqui no Brasil, é bem possível que a história acabasse virando um meme, não é?
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