Embora seja a teia de aranha que normalmente acabe ganhando popularidade como um dos itens mais fortes e resistentes do reino animal – principalmente por conta de um certo super-herói aracnídeo e pelo trabalho exemplar de algumas espécies do bicho –, a seda pode estar prestes a roubar os holofotes. Tudo isso porque alguns pesquisadores tiveram a ideia de alimentar bichos-da-seda com grafeno para conferir se o “ingrediente” impactaria na produção do bichinho. O resultado? Uma coleta inusitada de superseda, claro!
Como a China é a principal produtora do material no mundo, não é de se estranhar que esse tipo de pesquisa tenha sido feito por cientistas da Universidade de Tsinghua, em Pequim. Para colocar a brincadeira em prática, os chineses pulverizaram as folhas de amoreira que servem de alimento para os bichos-da-seda com uma solução líquida de grafeno ou de nanotubos de carbono. Ambos os elementos são derivados do carbono e manipulados a um nível atômico, permitindo que eles deem origem a estruturas leves e até cem vezes mais forte que o aço.
Figura que ilustra parte do trabalho dos cientistas chineses
Depois da mudança na dieta, os pesquisadores perceberam que os casulos feitos para as larvas continham fios consideravelmente mais robustos que os tradicionais. Colocando tudo na ponta do lápis, descobriu-se que o nível de tenacidade da seda produzida pelos insetos que ingeriram grafeno chegou a 38,04 em uma escala criada especificamente para avaliar a resistência de materiais, enquanto a expelida pelos que comeram nanotubos de carbono alcançou 48,24 na mesma tabela. A taxa do item convencional? Apenas 22,7.
Potencial amplo
Diferentemente da seda que você encontra por aí, a vertente chinesa é capaz de conduzir eletricidade
Acha que as surpresas do experimento acabaram por aí? Nada disso, já que os chineses acabaram detectando outro efeito colateral bastante interessante nos fios de seda criados pelos animas expostos aos derivados de carbono: diferentemente da seda que você encontra por aí, a vertente chinesa é capaz de conduzir eletricidade. Na documentação completa do estudo, os autores afirmam que isso provavelmente acontece porque a ingestão dos novos elementos alterou o item em um nível molecular.
Isso prova que pode ser muito mais eficiente fazer alterações na seda antes que ela seja expelida do que após ela já estar formada – um processo caro, mais intrusivo e com muito menos chances de sucesso. Ok, mas qual é a vantagem de uma empreitada como essa que não seja fazer com que a seda chinesa rivalize com a brasileira – conhecida como uma das melhores do mundo – ou que sirva de pano de fundo para um vilão temático do Homem-Aranha? Bem, na verdade, as aplicações são bem amplas.
Bom, bonito e resistente? Em breve!
Um tecido desenvolvido com esses fios, por exemplo poderia ser usado na fabricação de roupas confortáveis, bonitas e extremamente resistentes – substituindo coletes pesados ou proteções complexas contra armas brancas. Vestimentas inteligentes ou com dispositivos integrados também pode ser uma opção viável para o material, aproveitando o fato de ele conduzir energia. Já imaginou poder recarregar a bateria do seu celular por indução simplesmente ao colocá-lo no bolso? No futuro isso pode ser uma realidade.
E você, o que acha que poderia ser elaborado com base nesse novo material? Um lençol que não fura e não desencaixa do colchão? Um pijaminha feito sob medida para conferir com mais segurança o que é aquele barulho na cozinha no meio da madrugada? Deixe a sua contribuição mais abaixo, na seção de comentários.
Fontes