E se, no lugar da tradicional agulha e linha, você tivesse apenas de borrifar suas roupas para consertá-las? Pois um estudo publicado pelo portal ACS Applied Material & Interfaces afirma que rasgos e rupturas em tecidos podem ser reparados com nada mais que um pouco de água e uma solução à base de – sim! – dente de lula.
Os pesquisadores isolaram as proteínas dos dentes do animal marinho e então usaram leveduras e outras bactérias para criar a “poção mágica”. Para “costurar” um cordão rasgado de algodão ou de lã, por exemplo, basta juntar as partes e adicionar um pouco de água quente. Furos ou rasgos podem ser fácil e rapidamente arrumados sem a necessidade de qualquer habilidade de costura.
A solução poderá ser usada para a criação de roupas de proteção a pacientes, médicos, trabalhadores e soldados
A pesquisa é fruto de um experimento iniciado ainda em 2015, quando um “plástico regenerativo” foi apresentado pelos cientistas. “Estávamos buscando uma forma de criar uma tecelagem autorregenerativa usando tecidos convencionais. Foi assim que esta tecnologia de revestimento surgiu”, explica Melik C. Demirel, professor da Universidade Estadual da Pensilvânia, centro onde o estudo está sendo feito.
Aplicações
A nova solução é capaz de criar remendos estáveis e resistentes, configurando-se, assim, como uma alternativa prática à reparação de uniformes de trabalhadores da indústria e de soldados – o exército dos EUA, inclusive, é um dos financiadores da pesquisa.
Outra aplicação possível é na criação de roupas para proteção contra agentes tóxicos, tais como armas químicas, conforme observa Demirel. “Se você precisa usar enzimas para efeitos biológicos ou químicos, poderá usar também uma enzima encapsulada com propriedades de regeneração para inibir uma toxina antes que ela chegue à pele”.
Trajes antibacterianos e uma malha resistente a infecções também poderão ser confeccionados a partir da solução. “O próximo passo é ver se o material reparado é capaz de resistir a uma lavagem, numa máquina de lavar, quando submetido a detergentes, água e calor”, diz o professor.
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