Hoje em dia, é seguro dizer que, para muitos, é praticamente impensável sair de casa sem o celular. “Parece que estou nu” ou “vai ser um longo dia” estão entre as frases mais comuns de quem só percebe que esqueceu o aparelho quando já é tarde demais. Em pouco tempo, os dispositivos saltaram de trambolhões gigantescos e pouco práticos – os saudosos “tijolões” – para produtos com poucos milímetros de espessura e cheios de aplicativos. Porém, se dependesse do criador do telefone móvel, os tais apps não teriam tanto destaque.
Se alguém tem cacife para dizer que caminhos o segmento deve tomar ou não, esse alguém é Martin Cooper, o profissional responsável por trazer ao mundo o Motorola DynaTAC 8000X – primeiro celular do mundo. Em entrevista ao site Motherboard, ele compartilhou sua visão do futuro para a tecnologia e aproveitou para se lembrar como tudo começou. Segundo o veterano da indústria, foi a AT&T que introduziu o conceito de telefonia celular, mas sua ideia era mais limitada, já que o serviço ficaria limitado ao carro dos consumidores.
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Martin Cooper com seu primeiro filhote no segmento.
Para a Motorola, isso significava transferir o problema de um local para o outro, já que basicamente era como se os usuários tivessem uma segunda linha fixa – só que, desta vez, integrada ao seu automóvel. “Nós acreditávamos, e ainda acreditamos hoje em dia, que liberdade significa poder falar de qualquer lugar”, explicou Cooper. A linha de pensamento foi tão certeira que, tempo depois, ele resolveu discar do DynaTAC 8000X para informar Bill Engel – seu principal concorrente na AT&T – que a ligação estava sendo feita de um celular.
Não há necessidade para apps
Fã da tecnologia desde então, o norte-americano acredita que a telefonia móvel é tão importante quanto a invenção da roda, e que ainda vai ser preciso muitas gerações até que o recurso mostre seu valor. É exatamente por isso que ele é tão reticente quanto aos milhões de aplicativos que podem ser encontrados nas lojas virtuais de praticamente todos os sistemas mobile. Aos olhos dele, é uma perda de tempo o fato de os usuários precisarem pesquisar e decidir quais softwares desejam instalar, dizendo que o ideal seria uma solução unificada.
Consegue adivinhar qual seria essa solução? Sim, o que Cooper sugere é uma inteligência artificial que deixaria no chinelo assistentes como Siri e Cortana ou mesmo as extensas funções do Google Now. A ideia é que tenhamos celulares minúsculos implantados na nossa cabeça, com um sistema extremamente avançado que responde aos pensamentos do usuário, tornando obsoletos os aplicativos pré-programados – já que eles seriam criados em tempo real, conforme suas necessidades.
Pode parecer algo tirado diretamente de histórias de ficção científica, mas, se formos pensar sobre o assunto, telefones móveis também eram impensáveis há algumas décadas, não é mesmo?
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