Com os preços altos praticados por fabricantes, operadoras e lojas de varejo no Brasil, junto com valores bastante atrativos em países estrangeiros, não é de se estranhar que as importações de smartphones cresçam a cada ano por aqui. Quem viaja para fora ou tem parentes e amigos em terras estrangeiras normalmente aproveita para pedir ou trazer um celular moderno comprado em euros ou dólares.
Mas o que pode ser um bom e econômico negócio pode se transformar em dor de cabeça: é preciso prestar atenção em uma série de requisitos que um telefone estrangeiro precisa respeitar para funcionar sem problemas e com todas as funções operando no Brasil. Caso contrário, na pior das hipóteses, você não conseguirá realizar chamadas telefônicas e acessar a rede móvel de internet.
3G
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as faixas do 3G estão uniformizadas em praticamente todo o mundo. Isso sem contar a maior oferta de celulares multibanda, que atuam nas diversas frequências cobertas por essa internet móvel.
Ainda assim, independentemente da tecnologia, é sempre mais seguro verificar se o modelo em questão é certificado no Brasil.
4G
Se você pretende adquirir um aparelho recente de fora, então essa informação não é novidade: a banda do 4G brasileiro é diferente daquela utilizada nos Estados Unidos e isso pode causar alguma confusão. Nosso país utiliza uma faixa de frequência entre 2,5 GHz e 2,69 GHz, que é compartilhada por países como Austrália, Nova Zelândia, México, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica e várias nações europeias.
Nos Estados Unidos, a frequência adotada é a de 700 MHz – e, em outros lugares, ela pode variar ainda mais. Por conta da comodidade, os aparelhos produzidos em terras norte-americanas normalmente são compatíveis com o 4G de lá, deixando outras redes de fora (ou imaginando que, seja lá onde você estiver, a frequência será a mesma). O Japão utilizava inicialmente a mesma frequência brasileira, mas já garante também o 4G na mesma frequência norte-americana.
Ou seja: além de checar o local de fabricação original, é preciso conferir se o aparelho é o mesmo modelo homologado pela Anatel e pelas operadoras por aqui.
A adoção da nova frequência ainda está em andamento: já foram realizadas as consultas públicas sobre o tema, mas o cronograma de leilão aos interessados e tópicos como compra e instalação de equipamentos ainda estão pendentes e sem data prevista.
Com relação à primeira questão, o edital de leilão da faixa de 700 Mhz (4G) está em consulta pública até 03/06. Após esse período, as contribuições serão analisadas e será feita a versão final do edital, que deve ser aprovada em reunião deliberativa do Conselho Diretor. Somente após a aprovação é que poderemos ter um cronograma para a realização do leilão e prever datas de operação do serviço.
Homologação da Anatel
Quem compra um celular fora do Brasil agora precisa ficar atento a mais um detalhe: o Sistema Integrado de Gestão de Aparelhos (Siga), um projeto que pode desabilitar o funcionamento de smartphones que não estejam na lista da Anatel. Ainda assim, não precisa entrar em pânico.
Aparelhos homologados pela agência não terão problemas, assim como gadgets originais importados de países com boas relações comerciais com o Brasil. Ou seja, você terá que se esforçar muito para comprar um aparelho que seja tão “xing-ling” que não se encaixe em nenhuma das categorias.
“Estamos ainda em fase experimental de avaliação e análise quanto aos cenários e procedimentos a serem adotados”, afirmou um porta-voz da Anatel ao TecMundo. Você pode encontrar mais informações sobre o sistema na cartilha oficial da agência sobre o assunto. Para não ter dúvidas, basta consultar o Sistema de Gestão de Certificação e Homologação (SGCH) e checar se o produto adquirido já é homologado.
Caso Samsung
O leitor Julio Ferrari acrescentou uma informação importante: no caso da Samsung, é preciso fazer um desbloqueio inicial no aparelho no mesmo local em que você o adquiriu. No caso do Galaxy Note 3 europeu, significa fazer uma chamada para qualquer lugar usando um chip SIM de lá. Com o Galaxy S5, é preciso fazer uma chamada de até 5 minutos dentro do país de origem do smartphone. Só depois disso é que você pode utilizar um chip de uma operadora brasileira.
Padrão de tomada
Pode parecer bobagem perto dos demais itens, mas o novo padrão de tomadas do Brasil pode ser um pequeno problema para celulares comprados no exterior.
Como o padrão atual no país é de tomadas e plugues com três pinos redondos, pode ser que você precise de um adaptador sempre pronto para conectar o aparelho – e isso pode pegar você desprevenido nas primeiras recargas.
Fica ainda o lembrete: evite carregadores e tomadas de origem duvidosa, falsificados e não classificados pela Anatel. O preço pode ser muito menor, especialmente no caso da Apple, mas acidentes como choques e explosões desses acessórios já não são novidade.
Garantia
Essa talvez seja a questão menos favorável ao consumidor brasileiro. No geral, a resposta é única: depende da fabricante. Em sites como o Reclame Aqui, são vários os relatos de consumidores que tiveram o pedido de conserto pela garantia negado porque o aparelho foi comprado fora do país.
Fabricantes como Samsung, LG e Nokia não costumam fornecer garantia internacional, sendo que o conserto vale apenas para o país em que o aparelho foi comprado. O serviço é feito mediante apresentação da nota fiscal, então guarde muito bem os documentos da sua compra.
O iPhone até tem garantia, mas ela é limitada.
Já a Apple fornece 12 meses de garantia internacional para produtos da empresa comprados em qualquer loja física ou online, com a condição de que o modelo adquirido esteja homologado no país e o defeito esteja dentro de uma lista de problemas.
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Solucionadas essas dúvidas, fica uma dica geral: a pesquisa antes de levar um aparelho para casa é essencial. Vale a pena perder alguns minutos no site da Anatel e em outras páginas – e evitar dores de cabeça como ter que revender um smartphone que não funcione por aqui e precisar correr atrás de outro modelo.
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