Modelos de celulares antes (esq.) e depois (dir.) do iPhone (Fonte da imagem: Reprodução/Cult of Mac)
Analise a imagem acima. À esquerda, temos os lançamentos de telefones móveis antes do iPhone. À direita, após o aparelho da Apple. Levando isso em conta, parece inegável o fato de que a Maçã ditou um novo padrão de mercado, fazendo com que os concorrentes tivessem que “correr atrás” das inovações lançadas pela empresa.
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Isso gerou uma competição bastante sadia e proporcionou smartphones com recursos semelhantes e a preços diversos. Porém, ao mesmo tempo, parece que isso acabou estagnando a inovação da indústria, tornando os novos smartphones todos parecidos entre eles. Basta olhar para as duas seções da imagem e perceber como uma gama de cores e formatos se tornou padronizada.
A última grande inovação do iPhone foi a Siri (Fonte da imagem: Reprodução/RedFlagDeals)
Hoje, a impressão que se tem da indústria de tablets e smartphones é de uma inovação tecnológica muito baixa. Basta ver, por exemplo, a evolução do próprio iPhone, já que os últimos modelos deixaram muitos fãs decepcionados por não conterem novidades excepcionais. Nesse quesito, a última grande funcionalidade anunciada pela Apple foi a Siri, assistente de voz do iPhone 4S. As outras modificações ficaram no campo do upgrade de hardware.
Ultimamente, a impressão passada pelos novos lançamentos é a de que o importante, no momento, não é inovar, mas mostrar que o aparelho também possui os mesmos recursos dos demais, não ficando para trás.
Guerra de patentes e medo de perder
A princípio, essa estagnação pode se dar por questões estratégicas, e não de impossibilidade ou falta de novas tecnologias. Um dos fatores que impedem a inovação, por exemplo, pode ser a famosa “guerra de patentes”, de acordo com a Google. Uma das razões para isso são os gastos enormes com batalhas nos tribunais, além, é claro, do fato de que boa parte das patentes são tão vagas e amplas que a maioria dos fabricantes se sente ameaçada e prefere não se arriscar a quebrar alguma propriedade intelectual.
Patentes demais impedem a inovação (Fonte da imagem: Patentbolt)
Outro ponto a ser levado em consideração é a possibilidade de as empresas não estarem dispostas a gastar com funcionalidades revolucionárias se os modelos atuais estão vendendo bem. Afinal, por mais que muitas fabricantes desejem “fazer história”, poucas arriscariam seus lucros com tanta facilidade. Por isso, o cenário pode estar exigindo mais cuidado do que o habitual.
Mesmo assim, a indústria está repleta de tecnologias que esperam seus grandes momentos de estreia no mercado, por mais que muitas delas ainda precisem de um retoque ou aprimoramento.
Tecnologias do futuro
Apesar de estar passando por esse momento de calmaria, a indústria está repleta de tecnologias prontas ou em desenvolvimento e que poderiam ser liberadas como diferenciais dos novos dispositivos.
Touchscreen tátil
Uma das grandes reclamações de quem começa a usar uma tecla sensível ao toque é a falta de retorno tátil. Não sentir na ponta os dedos as teclas de um teclado virtual, por exemplo, faz com que a digitação esteja mais suscetível a erros. O mesmo acontece com games controlados pela tela de um tablet ou smartphone, que por melhor que seja, ainda não substitui o bom e velho controle.
Por isso, algumas fabricantes têm investido seus esforços no desenvolvimento de uma tela que possa fornecer essa sensação tátil aos dedos de quem a estiver operando. Já existem diversos projetos como esses em desenvolvimento, como o que está sendo criado pela NEC e que movimenta a superfície da tela para criar a sensação de tato.
Tela flexível
Uma das grandes apostas da imprensa especializada para 2013 é o surgimento de produtos comerciais com telas flexíveis. A princípio, a tecnologia parece um bocado inútil, mas começa a ficar interessante se levarmos em conta todas as superfícies que, por mais curvas ou não planas que sejam, serão capazes de receber um desses displays.
(Fonte da imagem: Reprodução/Ubergizmo)
Se tudo der certo, qualquer objeto será capaz de abrigar uma tela e, no caso dos tablets ou smartphones, eles ganharão mais resistência, já que a tela flexível não é tão fácil de ser quebrada como a convencional. Além disso, essa pode ser uma maneira bem inteligente de oferecer uma tela maior para smartphones, podendo, inclusive, transformar o aparelho em uma peça de roupa ou acessório de moda.
Bateria mais eficiente
Poucas coisas são mais detestáveis do que uma bateria de smartphone que acaba justo no momento em que você mais precisa. Além disso, essa é uma parte essencial dos aparelhos e que precisa, cada vez mais, de inovação.
Entre as pesquisas sobre esse assunto está a possibilidade de uma bateria que se recarrega sozinha, com a ajuda de conceitos quânticos. Há também a ideia de usar energia gerada pela estrutura do ouvido humano para recarregar a bateria de smartphones. Além disso, se a moda dos displays flexíveis pegar, é possível que os próximos dispositivos também exijam a presença de uma bateria que se comporte da mesma forma. Assim, seria possível, por exemplo, criar um tablet cuja forma de leitura se assemelha à de uma revista, ou seja, ele poderia ser dobrado para se fixar melhor na mão.
O futuro da medicina
Novas tecnologias também devem permitir que smartphones sejam usados como importantes ferramentas de monitoramento médico. Uma capa especial para o iPhone, por exemplo, pode ser o suficiente para que o seu dono realize um eletrocardiograma sem sair de casa. Quem lançar recursos como esses com seus smartphones estaria, certamente, inovando e ajudando a trilhar o futuro.
Pagamento por celular
Falamos o tempo todo sobre a possibilidade de que, no futuro, o celular poderá ser usado como uma espécie de cartão de crédito, possibilitando que pagamentos diversos sejam feitos por meio dele, em lojas de qualquer segmento.
(Fonte da imagem: Divulgação/Google)
A tecnologia para isso já existe, mas o seu uso ainda é muito tímido. No futuro, é provável que veremos o Google Wallet e outros serviços do gênero com uma cobertura bem mais ampla.
NFC
A Near Field Communication (NFC) é outra tecnologia que precisa ser mais bem explorada pela indústria. Apesar de ter sido essa uma das promessas do Windows 8, o fato é que ainda é difícil encontrar, pelo menos no Brasil, soluções ou aplicações que usem NFC.
Com etiquetas NFC você pode identificar itens diversos e interagir com eles por meio do smartphones. Há, inclusive, uma espécie de radar para quem costuma perder sempre a chave de casa, por exemplo. Se o chaveiro estiver etiquetado, você pode usar o celular para saber, com exatidão, em que cômodo da casa está o molho de chaves.
Mas essa é só uma das possibilidades criadas pelo NFC. Como o foco da tecnologia está na transmissão de dados, ela facilita, por exemplo, uma integração mais intuitiva entre celulares, câmeras fotográficas, tablet e outros gadgets. Basta encostar esses aparelhos uns nos outros para que eles passem a compartilhar arquivos imediatamente.
Carregador Wireless
Esse é um bom exemplo de tecnologia atual e que ainda não tem sido amplamente usada pela indústria. A tão esperada vida “sem fio” chegou, mas alguns acessórios continuam tendo cabos que enroscam, embolam e correm o risco de quebrar. Além disso, uma tarefa tão cotidiana, como colocar o seu celular para carregar, não pode oferecer empecilhos.
Por que os carregadores wireless ainda não são o padrão da indústria? (Fonte da imagem: Reprodução/Tecmundo)
Recentemente, a Nokia lançou, no mercado brasileiro, carregadores wireless para os aparelhos da linha Lumia. Mas o acessório ainda não é o padrão da indústria.
Só nos resta esperar e ver se os próximos lançamentos da indústria deixarão de focar em tamanho de tela e número de núcleo de processador para nos dar algo realmente inovador, como foi o iPhone, anos atrás.