Samsung Galaxy S3, um dos smartphone quad-core mais recentes do mercado (Fonte da imagem: Divulgação/Samsung)
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Recentemente, os celulares quad-core começaram a invadir o mercado. Desde o lançamento do HTC Edge, já presenciamos o anúncios de aparelhos da LG, ZTE e Samsung, que, por sinal, apresentou oficialmente os detalhes do tão aguardado Galaxy S3. Para o consumidor final, a mensagem é clara: quanto mais núcleos tiver o processador, mais rápido será o celular.
O pensamento parece certo, mas a verdade é que existem algumas variáveis que podem afetar o desempenho do dispositivo. Para que o smartphone seja mais rápido, ele depende do bom funcionamento de diversos aspectos de sua configuração, desde os chips e bateria até a maneira como os programadores desenvolveram determinado software ou sistema operacional.
De acordo com a CNET, existem pelo menos sete mitos que podem enganar o consumidor final na hora de escolher um aparelho e que, portanto, valem a pena ser destrinchados.
1. Todos têm o mesmo chip
ARM está presente em todos os smartphones (Fonte da imagem: Reprodução/Slashgear)
Há uma similaridade entre os principais smartphones do mercado: todos usam processadores com arquitetura e instruções ARM, estejam equipados com Android, iOS ou Windows Phone. Por isso, é possível fazer uma comparação entre os modelos: um smartphone com um chip single-core A9, por exemplo, é superior a outro com CPU A8 de apenas um núcleo. Sendo assim, fazer a escolha certa parece simples.
Porém, muitas marcas acabam personalizando seus processadores. A NVIDIA, por exemplo, possui o que chamam de processadores 4-PLUS-1, ou seja, uma CPU quad-core com um núcleo extra, alocado para o gerenciamento de bateria do aparelho.
Por isso, é sempre importante conhecer as peculiaridades de cada modelo antes de decidir qual comprar, afinal, pode ser que um recurso extra, exclusivo de alguma marca, faça a diferença sobre o desempenho final. Como curiosidade, saiba também que a expressão “quad-core” nem sempre é sinal de superioridade: um smartphone com processador dual-core A15, por exemplo, teria uma performance equivalente à de um quad-core A9.
2. Dobro de núcleos, dobro de desempenho
Quatro é o dobro de dois e, portanto, um smartphone quad-core tem o dobro de potência de um dual-core, certo? Bem, apesar de a matemática parecer simples, na prática o smartphone não será tão mais rápido.
Além do exemplo citado acima, em que um chip dual-core pode ter desempenho equivalente ao de um quad-core, há outro ponto a ser levado em consideração: o processador dobrou, mas os outros recursos do aparelho ainda são “single”, ou seja, o chip quad-core continuará usando a mesma memória e fazendo uso da mesma fonte de energia do celular. Sendo assim, a performance aumenta, mas não espere que ela dobre.
3. Quatro núcleos o tempo todo
(Fonte da imagem: Android Authority)
Multi-core é importante, mas essa funcionalidade, por si só, não leva a um ganho de desempenho. Para que tudo funcione perfeitamente é preciso que não apenas o sistema operacional tenha suporte para multithreading — ou seja, que possa atribuir tarefas aos diferentes núcleos, simultaneamente — como também o software a ser executado deve fazer uso inteligente dessa função.
Jogos e players de vídeo são dois tipos de aplicativos que podem se beneficiar desse tipo de processamento, já que costumam exigir muito recurso. Porém, em entrevista para a CNET, o gerente sênior de produtos da Microsoft, Greg Sullivan, explica que o nível de complexidade do código de um app aumenta consideravelmente em casos de multithreading. Isso dificulta a depuração e manutenção do aplicativo, deixando desenvolvedores mais relutantes em adotar essas funções.
Quad-core é bom, mas são faz diferença se o software possui suporte para ele.
4. Quad-core economiza bateria
(Fonte da imagem: iStock)
Parece claro que, ao executar tarefas mais rapidamente, um processador quad-core consome menos energia. Mas, como afirmaram alguns especialistas para a CNET, isso nem sempre é verdade. Quanto mais poder de processamento tem um dispositivo, mais energia ele precisa para funcionar — e podemos, de certa forma, compará-lo com o motor de um carro: quanto mais cilindros (núcleos), mais potência e, também, mais consumo de combustível (bateria).
Mas há exceções. Como bem alerta o primeiro mito deste artigo, nem todos os chips são iguais. Em entrevista para a CNET, a NVIDIA se defendeu dizendo que o Tegra 3 possui um consumo mais inteligente de bateria, habilitando seu quinto núcleo apenas quando necessário.
Em outra comparação automobilística, a representante da empresa explicou que é como se o veículo desligasse o motor de alta performance para andar dentro da cidade, já que o motor elétrico seria o suficiente. Aparelhos com Tegra 3 são capazes de habilitar e desativar os núcleos da CPU, de acordo com o nível de processamento exigido pelas aplicações.
5. O processador e mais nada
Apesar de o processador ser o responsável pela maior parte do trabalho, há smartphones que contam com um chip exclusivo para o processamento de imagens, tornando tarefas como exibição de vídeo ou execução de games muito mais suaves.
E não é só isso, alguns dispositivos também trazem chips extras para ao processamento de áudio e até de Flash. Portanto, além da CPU, vale a pena investigar a presença dessas unidades de apoio antes de decidir pela compra.
6. O SO é secundário
Por enquanto, quad-core é com o Android (Fonte da imagem: ARM)
Por enquanto, o Android é o único sistema operacional móvel a fazer uso real de processadores quad-core. Até o momento, a Apple continua com dispositivos dual-core, enquanto que o Windows Phone usa processadores de apenas um núcleo. Mas isso não torna, necessariamente, a opção da Microsoft pior que a das concorrentes.
Como contou Greg Sullivan para a CNET, o Windows Phone foi projetado para trabalhar com o máximo de eficiência possível, mesmo que com apenas um núcleo. Assim, em vez de smartphones capazes de excelentes resultados em testes teóricos, o gerente de produtos diz que a Microsoft prefere focar em tarefas do mundo real, como ouvir música e navegar na internet. Para isso, uma CPU single-core é mais do que suficiente.
Como diferencial, o Windows Phone possui um sistema de gerenciamento de aplicações muito interessante: o SO não executa múltiplos apps ao mesmo tempo. Em vez disso, é como se ele pudesse “pausar” aquele em segundo plano, fazendo com que apps não prioritários desocupem o processador e, mais importante, não consumam tanta bateria. Mesmo assim, o software continua disponível para que você volte a usá-lo, a qualquer momento, de onde parou.
Em celulares com Android, o inverso acontece: aplicativos em segundo plano continuam usando os recursos do processador, o que pode deixar o sistema um pouco mais instável em alguns casos.
Em suma, o sistema operacional é peça fundamental para o bom desempenho do smartphone, independentemente do número de núcleos que ele possuir.
7. Desconfie dos testes de desempenho
Benchmarks não mentem, mas podem ser manipulados (Fonte da imagem: Android Authority)
As comparações de desempenho entre dois ou mais modelos de smartphone, conhecidas como benchmarking, podem ser bons indicativos do “poder de fogo” de um celular. Porém, não devem ser levadas ao pé da letra. Como é de se esperar, fabricantes só vão divulgar testes favoráveis aos seus produtos e, assim como estatísticas diversas, esses resultados podem ser manipulados.
Além disso, muitas das funções analisadas por esses testes podem não ser tão essenciais ou usadas pelos compradores dos modelos analisados. Portanto, antes de enfrentar filas quilométricas pelo novo quad-core do mercado, pare e avalie bem as características do aparelho como um todo e não apenas o processador. Só assim você estará fazendo a melhor escolha.
Fontes: CNET, Android Authority