(Fonte da imagem: Divulgação/FIA)
Ao pensar em Formula 1, uma das primeiras lembranças da competição provavelmente é o barulho dos motores dos carros, uma característica extremamente marcante dessas corridas. Será que é possível ter uma corrida emocionante mesmo sem esse som tão conhecido? Quem vai tentar responder a essa pergunta, em 2014, é a nova categoria da FIA, a Formula E.
A maior novidade da Formula E é que os carros que vão competir nas suas corridas são completamente elétricos e funcionam usando imensas baterias, e não um motor normal a combustão. Dessa forma, eles são mais ecologicamente corretos do que os carros da Formula 1, porém possuem algumas limitações e diferenças bem marcantes.
O que é a Formula E?
Formula E é uma nova categoria da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) — a organização mundial responsável pela Formula 1 e dezenas de outros campeonatos de velocidade, rallys e outra competições automobilísticas. Ela se diferencia das demais categorias por um ponto importantíssimo: os carros utilizados são completamente elétricos.
Um dos protótipos apresentados pela FIA. (Fonte da imagem: Divulgação/FIA)
Muitos pontos e muitas limitações impedem que a Formula 1 adote (pelo menos neste momento) carros elétricos nas suas corridas, por isso uma nova categoria foi criada. O visual dos carros da Formula E, no entanto, lembra bastante o dos veículos da competição principal da FIA, com um desenho aerodinâmico e bastante elegante. Quais são então as principais diferenças entre essas competições?
Principais características da Formula E
Um dos maiores diferenciais da Formula 1 para a Formula E é a alimentação dos motores dos carros: enquanto um funciona com motor a combustão e precisa de combustível para rodar, o outro é totalmente elétrico e usa baterias. Essa é, na realidade, a maior diferença e um dos motivos da categoria ter sido criada. Mas o que isso quer dizer, em termos práticos?
Velocidade e potência
Os carros de Formula 1 atingem normalmente mais de 300 km/h durante as corridas; já o Spark-Renault SRT-01E, o primeiro veículo homologado pela FIA para a Formula E, consegue atingir velocidades um pouco menores do que essa — o limite máximo imposto pela FIA foi de 225 km/h para os carros elétricos.
Isso não quer dizer, no entanto, que esse será um campeonato “lento”, já que esse limite ainda é bem alto e permite corridas bastante emocionantes. É possível que, com o passar dos anos e a evolução da tecnologia desses carros, a velocidade média de uma corrida de FE seja aumentada pela própria FIA, porém para 2014 essa é a regra vigente.
Os carros da Formula E possuem velocidade máxima menor do que os da F1 (Fonte da imagem: Divulgação/FIA)
A potência do motor também é diferente da dos carros de Formula 1 e foi igualmente limitada pela FIA para a temporada de 2014: os veículos da Formula E poderão ter no máximo 200 kW de potência, um valor que seria equivalente a 270 bhp em um motor que não seja elétrico.
Porém, essa potência máxima é permitida apenas nos treinos e nas qualificações; durante as corridas de verdade, a limitação da FIA é de 133 kW (aproximadamente 180 bhp). Mesmo assim, existe uma “brecha” nesse limite: os carros poderão ter um sistema “Push-to-Pass” que momentaneamente aumenta a potência ao máximo para permitir melhores ultrapassagens.
Essas limitações, a princípio, servem para garantir a segurança da competição no seu primeiro ano. Por serem carros que se comportam de maneira bem diferente da dos veículos da Formula 1, é preciso entender melhor como eles vão se sair nas pistas antes de tomar atitudes que possam comprometer os pilotos e profissionais envolvidos.
Pit-stop
Se o carro da Formula E não precisa ser abastecido de combustível, seria este o fim das paradas nos boxes? Absolutamente não, afinal de contas ele precisa de algum tipo de alimentação para se mover e ainda é preciso algum tipo de recarga nessa categoria, logo os pit-stops com certeza serão realidade nessa nova categoria.
(Fonte da imagem: Divulgação/FIA)
Porém, a verdade é que ainda não se sabe exatamente como o sistema de recarga dos carros elétricos da FE vai ser realizado. A regra da FIA exige que os pilotos façam ao menos duas paradas nos boxes, o que sugere que a bateria (que não poderá pesar mais do que 200 kg) não vai ser capaz de aguentar o percurso completo, mas o sistema de recarga não foi divulgado.
O que se sabe é que os pilotos da Formula E terão dois carros disponíveis durante as corridas: enquanto um está sendo usado, o outro fica nos boxes recarregando a bateria e esperando pelo momento do pit-stop. Isso será uma mudança bastante dramática entre os dois campeonatos, já que exige que o piloto saia do carro e troque de veículo para continuar a corrida.
Barulho dos motores
Se você já viu um carro elétrico, sabe que ele é extremamente silencioso perto de um veículo com motor a combustão. Mesmo atingindo velocidades altas, os carros desse tipo não possuem o ronco característico dos motores da Formula 1, o que pode ser um fator de estranhamento inicial na Formula E.
Existiu anteriormente uma vontade por parte de pessoas ligadas à FIA de trazer motores elétricos para a própria Formula 1, já que eles possuem emissão zero de carbono no ar, algo que os torna muito mais ecologicamente corretos. Essa ideia, no entanto, foi descartada por medo de que a categoria perdesse a sua emoção característica, sendo o ronco dos motores um dos principais fatores nessa decisão.
De acordo com a FIA, os carros elétricos da Formula E não serão completamente silenciosos; no entanto, sendo mais barulhentos do que um veículo normal de passeio e com um ruído que lembra um avião decolando (o vídeo acima é um exemplo disso). Porém, não é nem possível comparar isso ao som de um carro de F1 e essa é uma das maiores expectativas para a temporada de 2014 da FE: todo mundo quer saber qual será o som característico dessa categoria.
Pneus e visual do carro
Os carros da Formula E são parecidos com os já conhecidos veículos da Formula 1, mas algumas diferenças são evidentes — por exemplo, eles são mais largos do que o normal, para acomodar corretamente a bateria, que precisa ser grande para durar o tempo necessário. Os valores máximos para as dimensões do carro são: 5000 mm de comprimento, 1800 mm de largura e 1250 mm de altura.
As dimensões do carro são um pouco maiores do que as de um veículo da F1 (Fonte da imagem: Divulgação/FIA)
Já os pneus (desenvolvidos pela Michelin) serão bem diferentes dos que são usados na Formula 1, sendo construídos para durar uma corrida inteira, em pistas molhadas ou secas — trocas de pneus não serão permitidas. Isso pode parecer estranho, mas é só lembrar que os pilotos terão dois carros e não um; então, tecnicamente dois conjuntos de pneus serão usados durante um circuito.
Equipes, pilotos, datas e cidades
A Formula E terá dez equipes com dois pilotos cada na sua primeira temporada, porém poucos nomes foram revelados até o momento. Apenas três equipes estão confirmadas — Drayson Racing, China Racing e Andretti Autosport —, e não existem nomes de corredores ainda, apesar de o brasileiro Lucas di Grassi ter sido anunciado como o piloto de testes da competição até o momento.
O brasileiro Lucas di Grassi é o piloto de testes oficial da Formula E. (Fonte da imagem: Divulgação/FIA)
O campeonato está previsto para acontecer de setembro de 2014 até julho de 2015, portanto muitos anúncios ainda devem ser feitos até lá — o site oficial da competição diz que os anúncios do resto das equipes participantes serão feitos ainda em 2013. O que se sabe por enquanto é que 42 carros foram encomendados para a primeira temporada da Formula E.
Mais uma diferença entre a Formula 1 e a Formula E é que a segunda acontecerá exclusivamente em circuitos de rua, e não em pistas fechadas como ocorre na maior parte das corridas da F1. Dez cidades vão participar da competição, sendo que a primeira lista divulgada de sedes inclui Londres, Roma, Rio de Janeiro, Los Angeles, Miami, Pequim, Putrajaya, Bangkok, Buenos Aires e Berlim.