O FBI está trabalhando em uma tecnologia de reconhecimento que promete gerar muita polêmica. Isso porque ela tem como objetivo identificar as tatuagens de pessoas, usando-as como uma maneira de criar um perfil de alguém – ou mesmo de saber se um suspeito é membro de uma gangue específica, por exemplo.
Em desenvolvimento desde 2014, em um trabalho conjunto com o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), a ideia por trás dessa tecnologia, chamada apenas de “Tatt-C”, está no uso de um algoritmo especial capaz não apenas de reconhecer tatuagens, mas também de identificar seu significado. Com isso, o FBI espera descobrir inclinações pessoais, políticas, sociais e até mesmo religiosas de um suspeito.
Uma questão ética
Pode parecer uma ideia interessante e cheia de potencial, mas o fato é que ela vem sendo extremamente questionada lá fora. Um artigo feito pela Electronic Frontier Foundation (EFF), por exemplo, criticou duramente o funcionamento do Tatt, dizendo que ele levanta questões importantes com relação à liberdade de expressão – afinal, tatuagens são uma forma de se expressar.
Não se limitando a isso, a maneira como o software está sendo desenvolvido levantou alguns questionamentos éticos. Isso porque, para testar a atual versão do algoritmo, foram usadas não apenas imagens religiosas, mas também 15 mil imagens de tatuagens vindas diretamente de detentos. Na próxima versão da tecnologia (Tatt-E), a ideia é ir ainda além, usando uma biblioteca de 100 mil fotos de tatuagens.
Acima, um exemplo de como essa tecnologia pode funcionar
Todos esses fatores, por sua vez, apontam para o maior de todos os problemas do sistema: ele é capaz de identificar as tatuagens, independente do contexto. Assim, mesmo tendo uma precisão de 90% na hora de reconhecer um símbolo, ele ainda pode ligar pessoas indevidamente – digamos, por exemplo, uma gangue que usa um símbolo de cruz e um religioso que tatuou o símbolo para expressar sua paixão por Deus. Não é preciso dizer que algo assim pode ter consequências desastrosas, se usado de maneira incorreta.
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