Destroços encontrados no oceano (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Em 2009, o voo 447 da Air France ficou conhecido em todo o mundo por causa de algo nada bom: uma queda que resultou na morte de 228 pessoas (216 passageiros e 12 tripulantes). A aeronave Airbus A330-200 saiu do Rio de Janeiro em direção à França, mas pouco mais de três horas após a decolagem, perdeu contato com os controladores em solo, desaparecendo totalmente dos radares.
Na mesma semana foram realizadas buscas no oceano Atlântico, nas quais foram encontrados destroços e corpos. Depois de anos de investigação – e análises de gravações obtidas pela caixa-preta da aeronave –, as investigações estão próximas à conclusão de que o desastre aéreo teria sido causado por falha humana. Mas agora, uma nova hipótese começa a circular, apontando para erros na criação do avião (e não na utilização).
Problemas no design da cabine de comando
A Airbus substitui os tradicionais manches utilizados em aviões por site-sticks, que resultam em uma economia de espaço e mais conforto para os pilotos. O problema é que isso pode ocasionar a perda de feedback para os pilotos. Segundo relatado pelo Telegraph, os manches são muito mais sensíveis e permitem que os comandantes percebam qualquer alteração no curso da aeronave.
Side-stick à esquerda e manche à direita (Fonte da imagem: Reprodução/Janholmberg e Wikimedia Commons)
Já os side-sticks não são responsáveis pelo mesmo, o que exige muito mais atenção dos pilotos a uma série de outros detalhes. Confira um trecho do último diálogo (entre os três pilotos: o capitão Dubois e os copilotos Robert e Bonin) que foi gravado pela caixa-preta do avião e entenda o que leva especialistas a acreditarem que o maior culpado pelo acidente é o equipamento de controle (traduzido do site Telegraph):
02:13:40 (Robert) “Sobe… Sobe… Sobe…”
02:13:40 (Bonin) “Mas eu deixei o stick para trás o tempo todo!”
02:13:42 (Dubois) “Não, não não.. Não suba! Não!.”
02:13:43 (Robert) “Desce… Me dá os controles… Me dá os controles!”
O comandante Robert assume o controle e consegue baixar o nariz do avião, mas no momento percebe um alarme de “perigo”, avisando que a superfície do mar está se aproximando rapidamente. Robert percebe a verdade: não há altura suficiente para “mergulhar” e conseguir velocidade para retomar a normalidade. O voo está condenado.
02:14:23 (Robert) “Droga! Nós vamos cair! Não acredito que isso está acontecendo.”
02:14:25 (Bonin) “Mas o que está acontecendo?”
02:14:27 (Dubois) “Dez graus de queda…”
A gravação é interrompida.
A frase que faz os especialistas pensarem que o grande vilão é o side-stick é a seguinte: “Mas eu deixei o stick para trás o tempo todo!”. O piloto sabia o que estava fazendo, mas não percebeu que a aeronave estava perdendo altura, justamente pelo fato de o site-stick não oferecer a resposta exata nas mãos de quem está no comando.
(Fonte da imagem: Reprodução/Telegraph)
Ainda deve demorar mais algum tempo até que seja publicado o veredito completo do acidente. Não se sabe se os investigadores vão apontar os pilotos como culpados ou se a Airbus será responsabilizada pelo acontecimento. E caso a fabricante dos aviões seja apontada como a responsável, as medidas que deverão ser tomadas pela empresa ainda são um grande mistério.
Fontes: Telegraph e Fast CoDesign