Teste: Citroën C3 Aircross é espaçoso e bom de dirigir, mas não passa disso

4 min de leitura
Imagem de: Teste: Citroën C3 Aircross é espaçoso e bom de dirigir, mas não passa disso
Imagem: Yuri Ravitz

Depois de passar os últimos anos sem conseguir grandes coisas no mercado automotivo, a Citroën vem buscando seu lugar ao sol com os novos produtos da estratégia denominada C-Cubed: o primeiro deles foi o novo C3 e o último, lançado nesta semana, foi o Basalt.

Mas há um integrante no meio do caminho que promete fazer barulho com uma proposta rara no país: o novo C3 Aircross, um SUV compacto pensado para levar até sete passageiros e oferecido somente com motor 1.0 turbo. O TecMundo passou 12 dias ao volante de uma unidade da versão top de linha Shine, com a qual rodamos mais de 1.500km.

Nosso exemplar testado veio na cor Branco Banquise com teto preto, disponível por R$2.400.Nosso exemplar testado veio na cor Branco Banquise com teto preto, disponível por R$2.400.Fonte:  Yuri Ravitz 

Antes de começarmos a avaliação, contudo, é preciso contextualizar o modelo que testamos: trata-se de um exemplar da linha 2024 e na versão de cinco lugares, tabelada atualmente em R$129.990 para a linha 2025 com novidades como a chave canivete e o ar condicionado digital como opcional. A Shine de sete lugares salta para R$137.490.

Abaixo da Shine existe a Feel, de entrada, que parte de R$114.990 com cinco lugares e R$118.390 com sete lugares. Há ainda a intermediária Feel Pack que custa R$121.990 na opção de cinco lugares e R$129.390 com sete lugares. Tais valores posicionam o C3 Aircross como o SUV de sete lugares mais barato do Brasil, tendo o Chevrolet Spin como único rival em preço.

O C3 Aircross é o modelo que melhor incorpora a linguagem visual da linha C-Cubed.O C3 Aircross é o modelo que melhor incorpora a linguagem visual da linha C-Cubed.Fonte:  Yuri Ravitz 

Visualmente falando, o C3 Aircross é bastante harmonioso e mais agradável do que os irmãos de plataforma - no caso, a CMP. Ele mede 4,32m de comprimento, 1,79m de largura, 1,65m de altura e conta com 2,67m de entre-eixos. Seu porta-malas comporta 493 litros e o tanque de combustível acomoda 47 litros, números que o deixam na média confortável da categoria.

Por dentro, contudo, a coisa muda de figura e o C3 Aircross decepciona por trazer o mesmo acabamento do C3 hatch que custa quase a metade. Há excesso de plástico rígido monocromático por todos os lados e tanto os comandos quanto as demais peças da cabine não passam a sensação de qualidade que um produto desse segmento pede.

Por dentro, os bancos são revestidos em vinil que mescla diferentes tons de cinza.Por dentro, os bancos são revestidos em vinil que mescla diferentes tons de cinza.Fonte:  Yuri Ravitz 

Para compensar, o espaço interno é excelente para cinco passageiros, se mostrando um dos principais destaques do SUV francês. Apesar disso, embora nossa unidade não seja a versão de sete lugares, é difícil imaginar uma terceira fileira nos fundos da cabine do utilitário: é certo que ela serve unicamente para levar crianças e, mesmo assim, apenas em passeios curtos.

A lista de equipamentos traz o básico: luzes diurnas em LED, rodas aro 17, ar condicionado, painel de instrumentos 100% digital, câmera de ré, sensores traseiros de estacionamento, faróis de neblina, multimídia de 10" com espelhamento sem fio, volante e banco do motorista com ajustes de altura, entre outros. Para a categoria, merecia mais recursos.

Espaço traseiro é muito bom tanto em comprimento quanto em largura.Espaço traseiro é muito bom tanto em comprimento quanto em largura.Fonte:  Yuri Ravitz 

Outro ponto alto do C3 Aircross é o desempenho, garantido pelo motor 1.0 turbo flex de três cilindros que gera até 130cv e 20,4kgfm, aliado a um câmbio automático CVT que conta com sete marchas simuladas no modo manual. Pesando apenas 1.216kg, o desempenho geral do francês é surpreendentemente bom, seja no uso urbano ou na estrada.

É o mesmo conjunto que equipa modelos como o Peugeot 208 que testamos mês passado e está presente em todas as versões do SUV. Só não é tão econômico: nossa média geral usando somente etanol foi de 10,8km/l, número inferior ao que é possível em alguns de seus rivais usando o mesmo combustível. Melhora um pouco na gasolina, mas sem surpresas.

O painel fica um pouco melhor com os pequenos apliques cromados ou prateados.O painel fica um pouco melhor com os pequenos apliques cromados ou prateados.Fonte:  Yuri Ravitz 

Em movimento, o SUV mostra uma boa conversa entre o motor e a transmissão; as respostas são agradáveis e o comportamento geral fica dentro do que se espera para um veículo desse porte e preço. Suspensão e freios trazem uma calibração adequada para ele, porém, não cometa abusos: lembre-se de que é um veículo familiar e com elevado centro de gravidade.

Falando de segurança, o C3 Aircross volta a causar frustrações. Há apenas quatro airbags e os mandatórios freios ABS, controles de tração e estabilidade: esqueça assistentes semiautônomos como frenagem automática de emergência, assistente de faixa ou coisas do tipo. Não há nem mesmo alertas visuais e sonoros, sem interferência na direção.

Motor Turbo 200 é amplamente utilizado nos carros do grupo Stellantis.Motor Turbo 200 é amplamente utilizado nos carros do grupo Stellantis.Fonte:  Yuri Ravitz 

No final das contas, a nítida sensação que o C3 Aircross deixa é: leve-o se deseja um SUV compacto que alinhe, obrigatoriamente, bom espaço interno e desempenho a um preço convidativo. A versão top de linha custa o mesmo ou até menos do que as variantes de entrada de alguns rivais, o que é um de seus principais atrativos.

Contudo, se gosta de tecnologia embarcada, acabamento de qualidade e fartura de recursos de segurança, é melhor descartar o francês. Os modelos da C-Cubed fazem parte de uma nova era da Citroën, focada em menor custo e produtos de volume, apostando na mecânica oriunda dos Fiat para simplificar os cuidados futuros e tentar apagar o passado conturbado.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.