Depois de passar os últimos anos sem conseguir grandes coisas no mercado automotivo, a Citroën vem buscando seu lugar ao sol com os novos produtos da estratégia denominada C-Cubed: o primeiro deles foi o novo C3 e o último, lançado nesta semana, foi o Basalt.
Mas há um integrante no meio do caminho que promete fazer barulho com uma proposta rara no país: o novo C3 Aircross, um SUV compacto pensado para levar até sete passageiros e oferecido somente com motor 1.0 turbo. O TecMundo passou 12 dias ao volante de uma unidade da versão top de linha Shine, com a qual rodamos mais de 1.500km.
Nosso exemplar testado veio na cor Branco Banquise com teto preto, disponível por R$2.400.Fonte: Yuri Ravitz
Antes de começarmos a avaliação, contudo, é preciso contextualizar o modelo que testamos: trata-se de um exemplar da linha 2024 e na versão de cinco lugares, tabelada atualmente em R$129.990 para a linha 2025 com novidades como a chave canivete e o ar condicionado digital como opcional. A Shine de sete lugares salta para R$137.490.
Abaixo da Shine existe a Feel, de entrada, que parte de R$114.990 com cinco lugares e R$118.390 com sete lugares. Há ainda a intermediária Feel Pack que custa R$121.990 na opção de cinco lugares e R$129.390 com sete lugares. Tais valores posicionam o C3 Aircross como o SUV de sete lugares mais barato do Brasil, tendo o Chevrolet Spin como único rival em preço.
O C3 Aircross é o modelo que melhor incorpora a linguagem visual da linha C-Cubed.Fonte: Yuri Ravitz
Visualmente falando, o C3 Aircross é bastante harmonioso e mais agradável do que os irmãos de plataforma - no caso, a CMP. Ele mede 4,32m de comprimento, 1,79m de largura, 1,65m de altura e conta com 2,67m de entre-eixos. Seu porta-malas comporta 493 litros e o tanque de combustível acomoda 47 litros, números que o deixam na média confortável da categoria.
Por dentro, contudo, a coisa muda de figura e o C3 Aircross decepciona por trazer o mesmo acabamento do C3 hatch que custa quase a metade. Há excesso de plástico rígido monocromático por todos os lados e tanto os comandos quanto as demais peças da cabine não passam a sensação de qualidade que um produto desse segmento pede.
Por dentro, os bancos são revestidos em vinil que mescla diferentes tons de cinza.Fonte: Yuri Ravitz
Para compensar, o espaço interno é excelente para cinco passageiros, se mostrando um dos principais destaques do SUV francês. Apesar disso, embora nossa unidade não seja a versão de sete lugares, é difícil imaginar uma terceira fileira nos fundos da cabine do utilitário: é certo que ela serve unicamente para levar crianças e, mesmo assim, apenas em passeios curtos.
A lista de equipamentos traz o básico: luzes diurnas em LED, rodas aro 17, ar condicionado, painel de instrumentos 100% digital, câmera de ré, sensores traseiros de estacionamento, faróis de neblina, multimídia de 10" com espelhamento sem fio, volante e banco do motorista com ajustes de altura, entre outros. Para a categoria, merecia mais recursos.
Espaço traseiro é muito bom tanto em comprimento quanto em largura.Fonte: Yuri Ravitz
Outro ponto alto do C3 Aircross é o desempenho, garantido pelo motor 1.0 turbo flex de três cilindros que gera até 130cv e 20,4kgfm, aliado a um câmbio automático CVT que conta com sete marchas simuladas no modo manual. Pesando apenas 1.216kg, o desempenho geral do francês é surpreendentemente bom, seja no uso urbano ou na estrada.
É o mesmo conjunto que equipa modelos como o Peugeot 208 que testamos mês passado e está presente em todas as versões do SUV. Só não é tão econômico: nossa média geral usando somente etanol foi de 10,8km/l, número inferior ao que é possível em alguns de seus rivais usando o mesmo combustível. Melhora um pouco na gasolina, mas sem surpresas.
O painel fica um pouco melhor com os pequenos apliques cromados ou prateados.Fonte: Yuri Ravitz
Em movimento, o SUV mostra uma boa conversa entre o motor e a transmissão; as respostas são agradáveis e o comportamento geral fica dentro do que se espera para um veículo desse porte e preço. Suspensão e freios trazem uma calibração adequada para ele, porém, não cometa abusos: lembre-se de que é um veículo familiar e com elevado centro de gravidade.
Falando de segurança, o C3 Aircross volta a causar frustrações. Há apenas quatro airbags e os mandatórios freios ABS, controles de tração e estabilidade: esqueça assistentes semiautônomos como frenagem automática de emergência, assistente de faixa ou coisas do tipo. Não há nem mesmo alertas visuais e sonoros, sem interferência na direção.
Motor Turbo 200 é amplamente utilizado nos carros do grupo Stellantis.Fonte: Yuri Ravitz
No final das contas, a nítida sensação que o C3 Aircross deixa é: leve-o se deseja um SUV compacto que alinhe, obrigatoriamente, bom espaço interno e desempenho a um preço convidativo. A versão top de linha custa o mesmo ou até menos do que as variantes de entrada de alguns rivais, o que é um de seus principais atrativos.
Contudo, se gosta de tecnologia embarcada, acabamento de qualidade e fartura de recursos de segurança, é melhor descartar o francês. Os modelos da C-Cubed fazem parte de uma nova era da Citroën, focada em menor custo e produtos de volume, apostando na mecânica oriunda dos Fiat para simplificar os cuidados futuros e tentar apagar o passado conturbado.
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