Teste: BYD Song Pro é híbrido a preço competitivo, mas não sem deslizes

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Imagem: Yuri Ravitz

O novo BYD Song Pro foi lançado oficialmente para o mercado brasileiro na semana passada e não demorou para que o TecMundo tivesse seu primeiro contato presencial com a novidade chinesa. Estivemos presentes no lançamento regional do modelo, em uma concessionária do Rio de Janeiro capital, para conhecer o novato de perto e ter nossas primeiras impressões.

De cara, o Song Pro deixa evidente seu parentesco com o Song Plus, mas não passa a mesma sofisticação do irmão mais caro, algo necessário devido a diferença de quase 40 mil reais entre eles. Ainda assim, o estilo geral agrada e se alinha com os outros produtos da marca. Não existem diferenças visuais entre as duas versões do SUV médio, seja dentro ou fora dele.

Há três opções de cores para a carroceria e uma única configuração para o interior, mesclando tons escuros com superfícies claras e detalhes em laranja nos bancos e costuras, uma pegada excêntrica que os chineses gostam, mas o consumidor brasileiro ainda não abraçou. A BYD deveria disponibilizar uma opção de cabine mais sóbria com o preto predominante.

Interior lembra o do Song Plus, mas é um pouco mais excêntrico.Interior lembra o do Song Plus, mas é um pouco mais excêntrico.Fonte:  Yuri Ravitz 

Passada a observação inicial aos detalhes do SUV médio, nos acomodamos no banco do motorista e nos preparamos para conduzir o Song Pro pela primeira vez nas ruas. Os assentos são bons e as acomodações agradam, além da cabine passar a correta sensação de qualidade para um produto desse preço, porém, os ajustes do volante poderiam ter mais amplitude. Tudo está ao alcance do condutor e é fácil achar a melhor posição para dirigir.

Nós testamos a versão GS, mais cara, que traz bateria de maior capacidade. Como em todo bom híbrido, o Song Pro prioriza a condução elétrica sempre que possível; por causa disso, a partida é silenciosa e será assim em quase todas as vezes, a menos que a carga da bateria esteja muito baixa, exigindo o uso do motor 1.5 aspirado como gerador. Vale lembrar que, sendo um PHEV (híbrido plug-in), o Song Pro pode ser recarregado na tomada.

Já nos primeiros quilômetros percorridos, o Song Pro mostra qualidades e defeitos muito claros. O pedal do acelerador é "fofo" e pede que seja pressionado com mais vontade para que o carro responda; falta sensibilidade. Em contrapartida, quando ele anda, o faz de maneira suave e agradável, lembrando o acerto dos carros japoneses. O câmbio CVT não conta com simulação de marchas e, na prática, mal será lembrado em virtude do uso em modo elétrico.

Arquitetura DM-i é a mesma do Song Plus e do King.Arquitetura DM-i é a mesma do Song Plus e do King.Fonte:  Yuri Ravitz 

Mesmo com a insensibilidade do pedal do acelerador, a direção do Song Pro não é incômoda e o SUV não decepciona quando exigido. Ao se acelerar fundo, o chinês chega a destracionar rapidamente e logo avança com vontade, mostrando os pouco mais de 200cv e 40kgfm dos motores combinados. Resta saber se ele sofrerá do mesmo mal do Song Plus em estradas, pois quando a carga da bateria acaba, o 1.5 aspirado se divide entre recarregá-la e mover o carro, mostrando uma certa apatia em situações que pedem mais força.

O comportamento da suspensão foi um destaque positivo em nosso curto trajeto urbano de teste, pois o Song Pro absorveu os defeitos da pista com eficiência e não apresentou inclinação excessiva de carroceria em curvas, mostrando que a BYD tem colhido o feedback dos proprietários e avaliadores sobre seus produtos brasileiros. Já um dos destaques negativos foi o ruído áspero do motor 1.5 invadindo a cabine, o que pede um reforço no isolamento acústico.

Falando dos elementos tecnológicos, as telas do painel de instrumentos e da central multimídia são de ótima resolução, mas notamos alguns erros de tradução e uma certa dificuldade de leitura das informações com caracteres finos dispostos em fundo claro, o que pode complicar a vida de pessoas com mais idade ou que necessitam de óculos. Uma interface de fundo escurecido seria mais interessante, pois ajudaria as demais informações a se destacarem com caracteres claros em contraste.

Bancos são confortáveis e há ajuste elétrico para o motorista na versão GS.Bancos são confortáveis e há ajuste elétrico para o motorista na versão GS.Fonte:  Yuri Ravitz 

Agora, o que realmente incomoda no Song Pro é a ausência de determinados recursos que podemos encontrar em praticamente todos os rivais. É fato que a BYD precisou fazer alguns cortes para oferecer um híbrido plug-in a menos de 200 mil reais, entretanto, resta saber como o consumidor irá lidar com isso. A total ausência de recursos semiautônomos de condução e segurança, bem como do teto solar, coloca o chinês em desvantagem contra rivais como Jeep Compass, Volkswagen Taos, Toyota Corolla Cross, Ford Territory, entre outros.

Tirando isso, a lista de equipamentos agrada e está na média do segmento, contando com recursos como faróis Full LED com ajuste elétrico de altura, ar condicionado digital de duas zonas com saídas traseiras, câmeras em 360º, sensores dianteiros e traseiros, central multimídia giratória com espelhamento sem fio, painel de instrumentos 100% digital, rodas aro 18 diamantadas, entre outros. Não há outro híbrido plug-in na faixa de preço do Song Pro e esse é um forte argumento a favor do chinês.

No final das contas, o teste curto serviu para mostrar que o Song Pro tem potencial de fazer bastante barulho na categoria dos SUVs médios e incomodar os rivais, mas pode ser que a BYD precise disponibilizar mais versões se deseja a liderança do segmento. A condução é agradável e o convívio diário promete deixar pouco a desejar perante os rivais, mas só uma avaliação mais duradoura poderá dizer se o novato conseguiu corrigir algumas das falhas observadas nos irmãos que tem um pouco mais de tempo no mercado.

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