Desde os primórdios da história dos computadores, dois programas vivem em um duelo constante pelo topo da cadeia alimentar dos compactadores: o WinZip e o WinRAR. Tudo bem, essa batalha não é tão antiga assim (teve início em 1995, com o lançamento do WinRAR, quando já existia o seu concorrente), mas certamente já dividiu a cabeça e as opiniões de muitos dos usuários.
Mas afinal, qual o melhor, qual tem mais recursos, estabilidade e é mais rápido para comprimir e descompactar os nossos arquivos diariamente? Nós testamos estas duas feras dos arquivos e trouxemos todas as informações “mastigadas”, justamente para que você possa escolher sem ter qualquer pingo de remorso!
E que fique bem claro: o objetivo deste artigo não é analisar se um formato é melhor que o outro (portanto não reclame do fato do Windows não trazer suporte nativo para arquivos RAR!), mas sim determinar quais dos programas oferece os melhores resultados, performance e maleabilidade a você.
Pronto para mudar seus conceitos? Então vamos aos testes e levantamentos!
Não fala inglês? Então corra para o WinRAR, uma vez que ele oferece um extenso pacote de idiomas, incluindo o português do Brasil. Entre as demais linguagens estão: polonês, coreano, chinês, italiano, francês e alemão. Quase ninguém fica de fora!
O WinZip, atualmente, conta com apenas algumas traduções para sua interface (distantes do português) e é instalado em inglês por padrão, o que não é nem um pouco agradável (ele parece um alienígena no sistema com os menus fora do idioma padrão). Nesta briga, o WinRAR começa com o pé direito.
Ponto para: WinRAR, por ter muito mais opções.
Interface
Não há como negar que o WinZip em sua 12ª versão aprendeu uma grande lição com o seu concorrente. Agora ele mostra botões enormes (e personalizáveis!) em sua janela principal para facilitar a entrada de comandos e ações, bem como um protótipo de navegador que pode ser ativado com um clique no botão “View Mode”. A tela realmente ficou muito mais atraente.
Pena que os menus não carregam tantas ferramentas quanto o WinRAR, que surpreendentemente é muito menor (1200 KB contra 12600 KB, aproximadamente) e capaz de navegar por pastas do sistema (você pode ir de um disco ao outro sem ter que recorrer ao comando abrir, pois tudo é feito pela janela de visualização).
O melhor de tudo é que o WinRAR, mesmo com tanta coisa, consegue não pesar nos olhos, deixando à mostra (fora dos seus menus) apenas os comandos mais necessários, como as operações de arquivo (extração e adição), reparação, informações, visualização, localização rápida, exclusão e o assistente.
Ponto para: Winrar, pelo explorador embutido e por ser mais completo.
Praticidade de uso
Em termos de versão de avaliação, o WinRAR é muito menos intrusivo que o WinZip, que ao carregar exibe toneladas de avisos e notificações, sejam elas a respeito da compra do produto final ou das associações, avisando-o de que para que seu funcionamento seja pleno ele necessita estar devidamente ligado aos arquivos (e quebrar todas as suas configurações pessoais no processo).
Você pode desativar algumas destas mensagens, mas não há como negar que o procedimento, além de chato, consome um tempinho.
Já para a operação cotidiana de arquivos no seu computador, ambos são quase equivalentes. Eles possuem menus contextuais que são ativados com cliques do botão direito sobre os arquivos a serem executados. A diferença é que, enquanto o WinRAR mantém suas opções diretamente visíveis, o WinZip as agrupa em um menu idêntico ao “Enviar para” (veja na imagem abaixo ambos juntos neste menu).
O problema do WinZip é que ele se perde com vários arquivos selecionados ao mesmo tempo. Ao passo que o WinRAR oferece uma opção para extração individual em pastas, para cada um dos itens, o que o primeiro oferece são opções para adicionar a um novo arquivo compactado. Realmente estranho!
Ponto para: WinRAR. Ele é mais discreto, leve e funcional.
Extensões e compatibilidade
Em termos de quantidade, o WinZip ganha a batalha do suporte para vários formatos, oferecendo compatibilidade com importantes arquivos, como IMG (outro tipo de imagem), BHX, B64, HQX e outros. Mas não se deixe enganar por tamanho, haja vista que muitos dos itens presentes na lista dele estão condensados em um só na do WinRAR (compatível, por exemplo, com o formato 7Zip).
Aliás, o WinRAR traz até uma vantagem: suporte para pacotes JAR (J2ME, Java), permitindo que você navegue pelo conteúdo deles sem a necessidade de extração total. É possível até mesmo editar arquivos de dentro do pacote.
Ponto para: Ambos, por empate técnico.
Recursos
A versão 12 do WinZip trouxe ao programa uma série de melhorias, dentre as quais se destaca o suporte para compressão eficiente de imagens em JPEG (garantindo reduções de 5% a 25% em seus tamanhos, uma margem considerável). O problema é que você deve optar por utilizá-la ou não já na instalação. Ok, mas e daí?
Simples, caso você comprima suas imagens com esta tecnologia, computadores mais antigos ou com versões desatualizadas do aplicativo não serão capazes de ler o arquivo gerado. Um problema sério que inibe muito a idéia de pacotes para transporte facilitado de arquivos.
Como já colocado acima, uma das grandes vantagens do WinRAR é a navegação completa pelo computador pelo próprio programa (com opções de visualização em árvore e outros métodos). Mas a coisa não acaba aí: além de verificar, em alguns casos ele é capaz de recuperar arquivos corrompidos. Ele oferece também atalhos de extração, favoritos, ferramentas de conversão, construção de imagens ISO e até mesmo verificações contra vírus.
Ponto para: WinRAR é muito mais completo que seu rival.
Até aqui a maioria dos combates favoreceu o mais novo competidor, o WinRAR. Mas será que essa tendência permanecerá com a avaliação prática de desempenho?
Vamos conferir!
Velocidade de compactação
Para este teste, separamos três pastas diferentes a serem comprimidas em um único pacote. A primeira contém apenas imagens no formato JPEG (já otimizadas) obtidas com uma câmera digital. São 2.671 arquivos no total, divididos em 23 pastas e com 830 MB em disco. A segunda possui vídeos em alta definição em formato MOV, MPG e AVI para um total de 1.57 GB, separados em 57 arquivos e 18 pastas.
Por fim, a última seleção contém áudio em formato WAV, WMA e MP3. A pasta inteira contém 116 arquivos e 470 MB em seis subdivisões. Todas estas informações podem ser conferidas nas imagens abaixo. Clique para ampliá-las.
A qualidade selecionada para compressão foi a padrão em ambas as plataformas (normal no WinRAR e Legacy no WinZip). Vale notar que o WinZip foi realmente irritante para os testes, abrindo a sua tela de compra a cada vez que uma rodada era realizada (e o botão muda de posição!). Nos gráficos abaixo, você encontra todos os dados:
Números mais baixos indicam melhor desempenho.
Mesmo competindo fora de seu território (formato RAR), o WinRAR conseguiu uma boa vantagem em relação ao seu rival no que diz respeito à velociadade de compactação. Poucos segundos para você podem não fazer diferença, mas quem lida com arquivos do tipo o dia inteiro vê uma boa economia.
Resultado: WinRAR foi mais veloz em todas as rodadas.
Velocidade de descompactação
Agora os mesmos testes serão refeitos, mas pelo caminho inverso. O arquivo de vídeo, gerado no passo anterior, será desmontado novamente em pastas:
Números mais baixos indicam melhor desempenho.
Resultado: Como colocado no gráfico acima, o WinRAR ganhou em velocidade de descompactação por cerca de dez segundos de vantagem.
Capacidade de compactação
De nada adianta velocidade sem capacidade de comprimir seus arquivos, portanto agora vamos aos tamanhos dos arquivos compactados criados, separados em três qualidades: mais rápida (apenas para organização), padrão — utilizada logo acima — e melhor compressão (disponível). Para o WinZip, optamos pela seleção automática de algorítmo na melhor qualidade, já que é sua função detectar qual deles usar para melhores resultados.
Entretanto, aqui surge um novo problema. Enquanto o WinRAR permite a criação de arquivos auto-executáveis, em RAR ou ZIP, o WinZIP permite apenas a criação de arquivos ZIP, o que é uma limitação e tanto. Para deixarmos as coisas “iguais”, selecionamos apenas o formato ZIP de saída no WinRAR.
Qualidade Baixa
Números mais baixos indicam melhor desempenho.
Ambos apresentam desempenhos equivalentes neste teste, com o WinRAR ganhando por pouco em velocidade, mas com o WinZip ganhando em compactação em dois casos (por uma mísera margem de 2 ou 1 MB).
Resultado: Empate técnico.
Qualidade Normal
Números mais baixos indicam melhor desempenho.
Novamente desempenho similar (e um pouco de ganho em relação ao teste anterior), com reduções de 4% para a pasta de músicas, 13% para as imagens (lembre-se, a tecnologia de compressão de imagem do WinZip foi desativada) e assustadores 43% para vídeos! Se for para guardar estes arquivos no HD por motivo de backup, recomendamos que você os compacte para salvar espaço!
Resultado: Empate Técnico
Qualidade Alta
É importante mencionarmos que o método otimizado de compressão do WinZip 12 utiliza algoritmos LZM de compressão, os quais (conforme colocado pela fabricante) não são compatíveis com versões anteriores do produto.
Números mais baixos indicam melhor desempenho.
Como você pôde notar, o WinRAR não viu absolutamente nenhuma melhora de compressão com o método mais robusto selecionado, ao passo que o WinZip demonstrou avanços bem convincentes no que diz respeito à redução dos arquivos. Intrigados com este tropeço do WinRAR, resolvemos criar arquivos também no formato de compressão RAR para ver se os resultados apareceriam:
Valores de WinZip inclusos apenas para comparações
Com estes resultados, fica óbvio que o WinRAR trabalha muito melhor em seu próprio território, mas ainda assim ele não alcança os novos algoritmos do WinZip (primeiro teste em que ele perde!). Apenas tenha em mente que a seleção para melhor compressão acarreta em uma demora muito maior (cerca de dezoito minutos contra os quatro originais).
Resultado: WinZip é melhor na compactação.
Olhando para as especificações, recursos e praticidade de cada programa, a melhor opção parece ser o WinRAR, haja vista que ele oferece um pacote muito mais completo já de cara (além de outras atualizações e ferramentas que podem ser implementadas posteriormente, sem qualquer custo), mas é com os testes que as dúvidas surgem.
Ele é bem mais veloz que seu concorrente direto, além de oferecer a mesma compressão em qualidade normal, portanto quem apenas “empacota” os lotes de arquivos não tem do que reclamar.
Já em termos de compactação pura, o WinZip 12 se apresenta mais avançado, com tecnologias novas como a compressão de imagens JPEG. Desta forma, é óbvio que seus arquivos acabam sendo menores na saída, mas em contrapartida incompatíveis com outras versões do programa (já pensou perder o acesso ao arquivo na hora de descompactar por não ter acesso ao WinZip mais recente?).
Outra característica a ser levada em consideração é a licença do produto. Enquanto o WinZip funciona como uma demonstração (e exibe toneladas de imagens para compra do produto a cada operação, o que é muito irritante), o WinRAR pode ser utilizado livremente, mesmo após a expiração do período de testes. Apenas depois deste tempo é que uma mensagem rápida passa a ser mostrada.
Depois de todos estes testes e de “pesar” cada uma das vantagens dos programas, tenha uma certeza: o WinZIP 12 até é poderoso na compactação de arquivos de todos os tipos (principalmente imagens no formato JPEG), mas o WinRAR é mais objetivo, leve e eficiente que o WinZIP, oferecendo um retorno maior pelo seu investimento ou mais conforto se você não pretende pagar.
Campeão do duelo:
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