O programador de 33 anos Higinio Ochoa mora em Austin, no estado norte-americano do Texas, e tem uma vida pessoal e profissional como a de qualquer outra pessoa. Só há uma condição que separa o rapaz de quase todo o resto do planeta: ele não pode utilizar (nem mesmo tocar) qualquer eletrônico que esteja conectado à internet.
O motivo? Ele é um antigo membro do grupo hacker o Cabin Cr3w, que chegou a ser afiliado do Anonymous no ápice dos ciberataques. Em 2012, ele invadiu servidores da polícia, enfurecendo as autoridades. O criminoso foi preso, condenado e agora vive sob intensa vigilância.
Para provocar ainda mais a lei, ele costumava deixar uma foto de uma moça em um biquini como um aviso de que a página foi invadida. A mulher não era desconhecida: na época uma namorada do rapaz, Kylie tornou-se esposa de Ochoa. O problema é que a tal foto foi tirada pelo iPhone da jovem e, por isso, ainda possuía resquícios de localização. Foram esses metadados que levaram o FBI até a residência de Higino, que de início não acreditou que aquilo o levaria em cana.
Ele ficou preso por 18 meses e fez um acordo para modificar os termos da condenação. Como resultado, em vez de ter acesso à internet monitorado, ele preferiu sair antes da cadeia e ficar totalmente sem conexão. Você consegue se imaginar sob esse castigo?
A vida sem rede
Ochoa até mesmo trabalha como programador, mas precisa se virar para enviar os resultados: ele manda cartas para o chefe com os códigos desenvolvidos impressos em papel ou pede para a esposa cuidar de seus emails e passar arquivos que ele grava via USB.
Em casa, ele possui o que ele chama de "laboratório": uma sala apertada e escura cheia de computadores e um servidor — nada com internet, claro. O casal assina serviços como Hulu e Netflix e controla tudo via Chromecast, mas quem faz a navegação é Kylie, que às vezes precisa deixar vários filmes ou seriados em reprodução automática para que ele se mantenha distraído enquanto ela tira um cochilo ou sai de casa. A esposa acha todo o processo bastante tedioso, especialmente quando ela precisa explicar conteúdos online ao marido.
Se isso faz falta? Higino conta que até sonha que está acessando a internet, navegando de página em página, até que acorda assutado porque percebe que está violando os termos de sua condicional, colocando família e futuro em risco. Em maio, quando se completam seis meses da punição, Higino espera que o acesso seja restabelecido, mesmo que com monitoramento.
Você pode ler a reportagem no Digg ou escutar o podcast Reply All com a entrevista completa (em inglês) por aqui.
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