Recentemente, a novela Geração Brasil exibida pela Rede Globo mostrou uma cena que chamou bastante a atenção dos apaixonados por tecnologia. Em determinado capítulo, um personagem conseguiu hackear uma cidade inteira — neste link, você pode conferir a cena em que o personagem consegue causar um apagão geral utilizando apenas um smartphone.
Você acha que isso seria possível na vida real? É o que nós vamos contar agora mesmo, por isso preste bastante atenção em tudo o que vamos dizer. Depois de ler nossas explicações, temos certeza de que você vai chegar nas rodas de conversas com seus amigos sabendo como explicar perfeitamente por que é possível — ou impossível — hackear a distribuição de energia elétrica, por exemplo.
É mesmo possível causar um apagão “por software”?
Antes de respondermos se isso é possível ou não, precisamos pensar no atual cenário internacional. Apesar de um número ínfimo de cidades oferecerem isso, já existem sistemas de controle de energia elétrica que são executados quase automaticamente espalhados pelo mundo. Tratam-se de “redes inteligentes”, que conseguem compreender a demanda de eletricidade para evitar sobrecargas ou falhas no fornecimento.
Como o CNET relatou há algum tempo, já houve casos de acessos não autorizados a redes desse tipo. Alguns dos problemas gerados por isso foram relacionados à estabilidade dos sistemas, mas nada que chegue perto de um blecaute. O problema é que, após o primeiro acesso, pode ser muito fácil fazer com que a transmissão de energia seja afetada em larga escala, uma vez que toda a distribuição é interconectada.
Mas as distribuidoras de energia elétrica conseguem fazer com que essas conexões não permitam que a interrupção em um ponto possa causar a queda total em uma cidade. Um dos principais motivos para isso está no fato de que a distribuição central não depende de uma única peça, mas de várias que se mantêm em conjunto e que podem ser rapidamente substituídas.
Vale lembrar que estamos falando de interrupções “por software”, causadas por alguém que tenha acesso a uma central de controle das distribuidoras. “Ataques por hardware” — que podem ir desde a destruição de um computador de controle até um ataque terrorista sobre a central — fazem parte de outra análise, que pode sim causar blecautes de difícil reversão.
Por que não?
Complementando o que dissemos há pouco: as centrais de distribuição de energia elétrica não são controladas por computadores que realizam tudo automaticamente. Estruturas gigantes precisam ser ativadas ou desativadas por funcionários especializados e que precisam estar fisicamente em algum lugar para realizar essas ações. Lembramos também do principal: o controle disso não acontece via internet.
Dessa forma, é impossível você utilizar o seu computador ou o seu smartphone para tentar acessar uma rede privada de controle de distribuição de energia. É até possível que um hacker com conhecimentos avançados consiga invadir servidores que hospedam o site da companhia de energia, mas o fornecimento dela não passa por computadores ligados às conexões tradicionais.
E como seria possível, então?
Existem diversos cenários que permitiriam uma pessoa hackear cidades inteiras, mas para isso alguns dos itens existentes hoje deveriam ser modificados — o modo mais eficaz atualmente é referente à engenharia social, como mostra o Tom’s Guide. Se os computadores de controle das centrais de distribuição fossem ligados à internet comum, por exemplo, teríamos uma forma bem simples de realizar essa atividade.
Outra situação exigiria que o computador — ou o smartphone, para mantermos o exemplo da novela — utilizado possuísse funções quase militares. Isso porque seria necessário que o celular emitisse pulsos eletromagnéticos para fazer com que as redes de energia fossem derrubadas após um certo colapso. Felizmente esse tipo de tecnologia ainda está muito longe do consumidor civil.
Quais as consequências de um hack na cidade?
Praticamente tudo em uma cidade é movido pela energia elétrica. Isso vale para os mais diversos ambientes, indo desde as residências até os estabelecimentos comerciais e de necessidade básica. Ao derrubar a energia elétrica de uma cidade, um hacker estaria também impedindo os semáforos de funcionar, assim como interromperia o abastecimento energético de hospitais — até que os geradores fossem ligados.
Sendo esse blecaute no período noturno, o caos seria ainda maior. Além dos problemas de trânsito, ainda existe a questão da violência. Sem luz artificial, podem ocorrer saques com mais facilidade e também podem aumentar os casos de agressões e roubos particulares. Em resumo: a ideia de um blecaute forçado por hackers não é nada boa para a convivência populacional.
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Como você pode perceber, a invasão de uma central de energia elétrica feita por um smartphone está muito longe de ser real — a menos, é claro, que o dono do celular seja também o criador dos sistemas de controle. Mesmo assim, é preciso que fiquemos atentos às novidades nas tecnologias de controle das cidades, pois a segurança delas precisa estar sempre em evidência.
Será que algum dia os hackers vão conseguir realizar as mesmas atividades que desempenham os invasores da novela Geração Brasil ou do game Watch Dogs? Para a nossa segurança é melhor torcer para que isso continue na ficção por um bom tempo. O que você pensa sobre isso tudo?
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